"Aqueles que vivem pela bola de cristal, estão destinados a comer vidro moído" é dito, em determinadas circunstâncias, entre dealers e brokers
Retire-se/ignore-se o pin «Harris'24» e «How Kamala Harris' stance on Israel could cost her The Presidency» e fica com o que interessa, a curto e/ou longo prazo – A losing battle. É o mau! Mas é o que interessa. Sequer interessa quem serão vencedores destas refregas ― umas com o ribombar das explosões de mísseis, o crepitamento das metralhadoras e muitos mortos, outras silenciosas, 'pacíficas', insinuantes, ... estas muito menos impressivas, mas indubitavelmente mais transformadoras (cabia aqui ir pela ponderação da transformação, mas prescindo) porque o que importa são os respectivos desfechos. Independentemente de quais sejam os desfechos o certo é que compõem um caminho feito de vitórias pirrícas, até à derrota final. É, parafraseando Victor Segalen, a minha mania de "tendo de me pronunciar sobre o pêndulo e o sino, pronuncio-me sobre o som". E também é certíssimo que, testemunhasse eu o desfecho ou a parte qualitativamente apreciável do mesmo, não haveria de minha autoria um parágrafo que fosse de incredulidade, espanto, assombração, comoção ou perplexidade ― tenho idade suficiente e experiência bastante para saber ―, prescindindo da aprovação de Isaiah Berlin ―, que é desconcertante a facilidade com que, a busca de um ideal, desta tipologia, desemboca no seu contrário ― e, além do mais, nunca entreguei a minha alma ao "paraíso", aos "amanhãs que cantariam", às "prometidas horas felizes", etc... Se tomarmos como ponto de partida as lições dos frankfurteanos e tomamos como tecido analítico o tempo que vai do pós- 2ª guerra mundial até ao presente veremos que o caminho foi o da vulgarização. Ora como escreve P.Bruckner insuspeita autoridade "a vulgaridade é uma perversão, é uma doença da legitimação (...) Em Lugar de se submeter a uma aprendizagem paciente, o vulgar instala-se no lugar daquele que imita.". Não é bom nem mau: foi/é assim.
A derrocada da ilusão é uma porta aberta para os milagres.
No presente mais do que nunca predomina, e prevalece, em quase todos os domínios, o argumentum ad ignorantiam. Já não vale a estafada decadência do compósito ocidental, o Estado de Israel tem os dias contados, os ucranianos já são o baralho de poker na mesa desta disputa intermédia e o destino de Zelensky não fugirá à regra ― na melhor das hipóteses derrotado, triste e só * ―, Taiwan segue trilho idêntico e, estrebuchem muito ou nada, o capítulo seguinte será escrito pela República Popular da China, o prazo de validade da Coreia do Norte e o destino de 'Kim Il-sung III' expiram no momento em que deixarem de ser úteis, a Europa e a União já são um ridículo, os EUA são uma massa carcomida. Não há força que contrarie a resultante destas forças e muito menos será exequível a contenção e/ou a interrupção por via da «razão» e da persuasão - e isto porque a valia do corolário de Marcel Conche - "através de um mecanismo curioso, graças á ausência de resposta, para tudo se tem resposta" - vale o mesmo, para nós e para os demais. E, em sentido amplo, lá voltamos a um dos antagonismos que, por cálculo errado, criámos, não conseguimos 'negociar' ― o dissentimento, a desarmonia entre a(s) nossa(s) pressa(s) e o tempo. Algo que não passou despercebido a A. Malraux e que de forma superior testemunhou na imaginativa correspondência de Ling para A.D.
"o tempo para vós é o que fazeis dele, e nós somos o que ele faz de nós"
* Há algum exemplo mais expressivo ou posicionamento mais 'eloquente' do que a omissão de resposta da Europa, da União Europeia, dos Estados Unidos da América, da NATO, da ONU, à presença de milhares de militares (consta que mais de 12000) coreanos na frente de batalha, nas trincheiras braços dados com os miltares russos?