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10/12/2023

Woke

é, a jusante, a justaposição (fatal) da abjecção esclarecida numa manta de ordinário cretinismo.

A história é fácil de contar. Na sequência do conflito no Médio-Oriente – o ataque a Israel pelo Hamas, em 7 de outubro, e a resposta israelita no «covil» – ocorreram incidentes anti-semitas e islamofóbicos — graffitis, vídeos que mostram a destruição de cartazes com fotografias dos reféns do Hamas — em várias das mais prestigiadas universidades americanas – Harvard, Philadelphia, Cornell, Columbia e Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). 
O Comité de Educação do Congresso convocou os presidentes das respectivas universidades para inquirição. Os presidentes admitiram a ocorrência de incidentes. Perguntada se o "apelo ao genocídio contra os judeus" violava as directrizes sobre bullying e assédio, a presidente de Harvard, Claudine Gay, respondeu
                                     - "Podem ser, dependendo do contexto."
E mais disse Claudine Gay:
- "... a liberdade de expressão é uma obrigação." (E é!)
Os outros presidentes expressaram opiniões semelhantes.

Fica patente que o «contexto» está confinado à homologação dada pela esquerda, lato sensu. Se assim não é então tudo - verbo e acções - o que venha da direita não-idiota, leia-se extrema-direita, está obrigatoriamente confirmado. Há muitas Constituições para rasgar. É isso?

05/10/2023

Colégio de génios

Dos organigramas político-administrativos dos países consta um «conselho de ministros»; no português há o equivalente - um «clube de génios».

Há casas para alugar, mas a preços caros; há casas para comprar, mas a preços caros. Ou seja, há casas para venda e para aluguer, mas os candidatos a proprietários e/ou inquilinos não têm dinheiro bastante. Se isto acontece, há responsáveis. ― Maldito mercado! ― Havendo, proceda-se.

Desde 2009, o regime fiscal em vigor tendo em vista atrair profissionais não-residentes qualificados em actividades de elevado valor acrescentado ou da propriedade intelectual, industrial ou know-how, bem como beneficiários de pensões obtidas no estrangeiro permite uma redução do IRS, ao longo de uma década, a pensionistas ou trabalhadores estrangeiros de determinadas profissões.
O «caça- fantasmas» topou-os, e conclui que a medida é geradora de injustiça social contribui "de forma enviesada" para a especulação imobiliária. Vai daí, «Estatuto de Residente Não-Habitual» è finitoHá razões para qualificar a decisão como «de génio» aliás, em consonância com a vulgata. Da genialidade nos dão conta, hoje, dois dos principais jornais económicos espanhóis

18/03/2023

Ilustração

Vai para quarenta anos, a administração do BPSM (Banco Pinto & Sotto-Mayor) presidida pelo prestigiado tecnocrata (sem ironia) Lo
ureiro Borges decidiu unilateralmente e sem dar conhecimento aos depositantes, fazer uma necessária, e urgente, limpeza no balanço leia-se, aliviar o ‘peso’ das operações passivas umas largas dezenas de milhões de contos. O que fez? Depósitos superiores a cinquenta contos em regime de capitalização, no vencimento, não capitalizavam. Os depositantes residentes tiveram condições para reagir no sentido de minimizarem perdas, mas os depositantes emigrados não tiveram o segmento focado era mesmo este: BPSM e CGD detinham o portfolio da emigração; o BNU, o BPA e o BF&B eram pouco expressivos.
A banca ainda estava nacionalizada e, por conseguinte, equacionar a possibilidade de mexer na componente «balanço social» ou seja, chamar à mesa a direcção dos recursos humanos, por exemplo, era inimaginável. A banca nacionalizada detinha uma outra função: não contribuir para o desemprego.

25/02/2023

A industrialização da 'inteligência'

E nós somos os seus idiotas úteis.

Hannah Arendt n’"A Crise da Educação" escreveu que cada nova geração era como uma invasão bárbara, que os adultos tinham de civilizar - cabia aos detentores da ordem, aos conhecedores das leis do mundo, etc. iniciar os recém-chegados.
Hoje, no vórtice digital do século XXI, não são os bárbaros que saqueiam Roma mas os antigos romanos que, pela manhã, já não reconhecem a sua cidade. Tornamo-nos bárbaros no nosso próprio mundo. 
A ‘história’ já não nos aniquila antes de, alguns séculos depois, construir algo novo sobre escombros de guerras e invasões: deixa-nos no lugar. Teremos a IA que fizermos por merecer.
                                                                    ―
Sempre detestei flores artificiais. Desse futuro não terei saudades. 

18/11/2022

Sobre assuntos sérios e, pelo caminho, "de alguns borregos que são

o nosso melhor esteio e o melhor símbolo do país" *
    
           “Quando desafio Inês Sousa Real para um debate ela desaparece 

Luís Guimarães, físico nuclear, critica os ministros do Ambiente e partidos como PAN, Verdes e organizações que não se baseiam na ciência. Defende que a energia nuclear é mais segura e limpa e que temos de derrubar os preconceitos.
Atirar sopa a quadros, pedir combustíveis mais baratos ao mesmo tempo que se quer diminuir o consumo e viver com energia 100% renovável são erros, que os ambientalistas tradicionais cometem.
Luís Guimarães trabalha como Data Scientist numa empresa de telecomunicações, é um dos co-fundadores da RePlanet Portugal. A organização defende um ambientalismo com  base na ciência, sem crenças ou preconceitosProfessor convidado numa universidade pública considera que, para conseguirmos uma descarbonização, temos de apostar no nuclear - é uma opção segura.

Há uma pergunta na cabeça das pessoas desde o começo da guerra na Ucrânia, quando os russos se aproximaram da central nuclear de Zaporizhzhia: quais são os riscos que nós corremos?
Zero. A central de Zaporizhzhia são seis reactores soviéticos, dentro de um edifício de contenção que está desenhado para resistir ao impacto de um avião de passageiros, grande. São paredes de betão reforçado de 1,20 m. O combustível nuclear, do tamanho de gomas, são pellets cerâmicos e apenas ficam radioactivos depois de estarem no reactor. Não são solúveis em água e só derretem a temperaturas muito elevadas, bastante acima das temperaturas de operação de 300ºC de um reactor convencional. Não há um mecanismo eficaz de espalhar combustível nuclear sem que este seja fortemente diluído na atmosfera, deixando de ser perigoso ao fim de alguns quilómetros. Explosivos convencionais não são suficientes para pulverizar estes pellets. Portanto, o alcance do pior evento possível em Zaporizhzhia, estaria circunscrito à zona da central, algo como um raio de 20 km. As áreas de protecção destas centrais são de 30 km, por motivos de segurança. Mesmo a pior explosão convencional, independentemente de serem seis reactores como em Zaporizhzhia, ou apenas um, teria impacto na área circundante da central num raio pequeno. O pior que poderá acontecer em Zaporizhzhia através de métodos convencionais de sabotagem terá efeitos muito localizados. E uma central nuclear não explode.
É uma ideia que se tem.
Não é uma explosão nuclear. Todos os acidentes até agora, e foram três, vivem no nosso colectivo, mas não foram tão graves como se pensa. Esta informação é pública.

12/09/2022

Um pequeno buraco afunda um grande barco

Há dias, fazendo zapping, apanhei o sr. Vieira da Silva a perorar. Uma autoridade! Apesar de não me ter suscitado interesse nem curiosidade bastante para o continuar a ouvir, ainda assim ouvi-o justificar — “a fórmula (cálculo das pensões) foi concebida para um cenário de inflação em redor dos 2%”. 
Nunca apanham pela frente quem, na hora, os confronte pelo menos com o adjectivo qualificativo mais do que merecido.
Com mais ou menos justificações de cálculo actuarial a dita fórmula, desajustada desde a concepção, foi uma trambiquice. O facto de determinadas ‘coisas’ serem feitas com absoluta cobertura legal não as transforma em algo menos do que vigarice.
Os elementos da fórmula matemática em que sempre têm falhado ‒ da direita à esquerda ‒ jamais foram as constantes, as incógnitas, os operadores ou sequer os símbolos lógicos; foram/são a ausência de honestidade e a falta de coragem. A isso acresce(u) a intencionalidade e a mundividência dos genitores, mais a imbecilidade da prole.
                                                                                      ***
Há cerca de trinta anos andou por cá uma seguradora de capitais americanos dedicada exclusivamente à venda de seguros (de vida) com capitalização. Uns campeões! O simulador e a cascata de fundamentos ‘garantiam’ uma taxa entre 8 e 10%.
                                                                                     ***
Nada de novo, portanto ‒ sejam os sujeitos alguém em nome da administração pública ou gabirus privados.

03/09/2022

Da estultificação em curso


         EE.UU. vive una era de cambios rápidos que desordena los campos establecidos sin producir nada nuevo. Goldberg comenta un libro que explica cómo la evolución cultural se vincula allí con el deseo de ascender en la escala social.

                Michelle Goldberg, ensayista y columnist/New York Times - 3 September 2022

En mayo, el crítico literario Christian Lorentzen publicó en la plataforma Substack un boletín sobre el aburrimiento.
Las películas de Hollywood son aburridas. La televisión es aburrida. La música pop es aburrida. El mundo del arte es aburrido. Broadway es aburrido. Los libros de las grandes editoriales son aburridos”, escribió.
Como yo también me he aburrido bastante, pagué cinco dólares para leer el artículo completo, pero no me convenció su conclusión, que atribuye la culpa del estancamiento artístico a la primacía del marketing. La aversión al riesgo de los conglomerados culturales no puede explicar por qué no surgen más cosas independientes interesantes. Yo tenía la esperanza de que, cuando el agujero negro de la presidencia de Donald Trump terminara, la energía redirigida permitiera un florecimiento cultural. Hasta ahora, eso no ha sucedido.
Una advertencia obvia: soy una madre blanca de mediana edad, así que cualquier cosa que sea verdaderamente genial ocurre, por definición, fuera de mi ámbito. Sin embargo, cuando voy a cafés donde hay gente joven, la música suele ser la misma que yo escuchaba cuando era joven o música que suena igual. Uno de los singles más exitosos del año es una canción de Kate Bush que salió en 1985. No se me ocurre ninguna novela o película reciente que haya provocado un debate apasionado. Las discusiones públicas sobre el arte – sobre la apropiación y la ofensa, por lo general – se han vuelto tediosas y repetitivas, casi mecánicas.
Los artículos escritos sobre la microescena levemente transgresora de Manhattan conocida como Dimes Square son en sí mismos una prueba de la sequía cultural; los cronistas del zeitgeist están desesperados por encontrar nuevo material.
    (Yo misma soy culpable de haber escrito un artículo de ese tipo.)
Mucha gente está buscando algo vivaz y nuevo y no lo encuentra.
La mejor explicación que he leído sobre nuestro actual malestar cultural aparece al final del libro de W. David Marx, Status and Culture: How Our Desire for Social Rank Creates Taste, Identity, Art, Fashion, and Constant Change (Estatus y cultura: Cómo nuestro deseo de nivel social crea el gusto, la identidad, el arte, la moda y el cambio constante), un libro que no es nada aburrido y que modificó sutilmente mi forma de ver el mundo.

26/08/2022

Uma coisa leva à outra,

e ambas concorrem para este meio paludoso. É idiossincrático. Naturalmente, acrescento. 
O que explica esta e muitas outras “ondas” que às arrecuas de quaisquer comportamentos lógicos e, sobretudo, em conjunturas tão exigentes como a presente, é a arraigada e voluntária indisponibilidade para centrifugarem a alteridade que os fascina da ipseidade que odeiam. 
Coisa’ para psicólogos, psiquiatras e/ou psicanalistas!
Sobre isso escreveram — referindo apenas dois ‘endeusados’ intelectuais portugueses e por serem tão profusa e cretinamente citados (uns que os citam, parcialmente, por pura e óbvia ignorância e mandriice, e, outros por exercícios de proselitismo) — Eduardo Lourenço e Fernando Pessoa.
Eduardo Lourenço em várias passagens do «Labirinto da Saudade» comummente ‘obliteradas’ das citações e Fernando Pessoa numa série de pequenos textos sobre «provincianismo», «atavismo», etc…igualmente atiradas para canto. Sempre por serem reflexos de que não gostamos, no espelho …mais ou menos quando o espelho, como na anedota, lhes retruca: Cala-te que o teu passado é triste”.
Em Portugal, os portugueses ‒ bons ‘iconoclastas’ que são ‒ nunca confrontam os ‘deuses’; ou seja, não lhes aferem os méritos porque, se por outra razão não fôr, é uma forma esperta de inviabilizar, postergar ou procrastinar a exposição do(s) seu(s) próprios e intransmissíveis demérito(s). Daí o horror às comparações, daí a atracção pela imitação, daí a prevalência do pechisbeque.

29/06/2022

Deixai o Mouzinho da Silveira em paz!

Em breve celebraremos meio-século do fim do
Estado Novo e de vida da Democracia. Não é tempo de vida bastante para que a sociedade se deixe de apontar as falhas do dito e trate de levantar as falências de toda a índole que democraticamente granjeou e obteve? Por uma razão simples: é que, à excepção de quantos se dedicam à História, já está vencido o prazo de validade para avocações de 1 - triste «orfandade» e menos ‘direito’ haverá quando 2 - os actores mencionados foram tão desprezíveis e fizeram tanto mal.
É pulhice, mesmo que seja obliterado tudo o que respeite à contextualização — a não ser que se use Ortega y Gasset, somente para os efeitos convenientes, como cliché ou seja, para compor um medíocre florilégio retórico —, alguém ridicularizar Américo Tomás tendo como contraponto Marcelo Rebelo de Sousa; ou caçoar de Marcelo Caetano contrapondo-o a Pinto Balsemão, António Costa ou, pior, a José Sócrates; ou escarnecer de Duarte Pacheco tendo como contraponto Pedro Marques, António Mendonça ou, pior, Pedro Nuno Santos.

09/05/2022

Para iniciar

a semana com as melhores das expectativas, não podia ser melhor.
      A parada militar na Praça Vermelha, em Moscovo, e o ‘decepcionante’ discurso de Putin aos mujiques. Porque, lá no fundo, o que a rapaziada paisanaespecializada em geopolítica, relações internacionais, artes de guerra, … que despontou como cogumelos e enxameia a comunicação social — mais ansiava era ouvi-lo ‘decretar’ guerra, e a consequente mobilização geral. Não o fez; ficou-se pela «operação especial», desnazificadora. Lástima, isso é o que temos há dois meses e picos.

      De fora, mas do lado de cá, multiplicam-se os devaneios, e a ‘afirmação’, de gente que se contenta em servir de estopim (1) ‒ não trazem à humanidade um ‘milavo’ de utilidade —, e nada mais que isso.

      Cá dentro, o perfume (2) que nos inebria é o mesmo. Mudar o(s) perfumista(s) não é solução não por frouxidão da fantasia ou destreino dos olfactos deles mas, por uma lado, a maestria de «cristais de massa» * e, pelo outro, narizes embrutecidos demais para distinguirem um aroma râncido de uma água-de-colónia.


(1) F.J. Viegas
(2) Joana Petiz
* designação atribuída por Elias Canetti a “grupos rígidos, firmemente delimitados, estáveis e visíveis, de pessoas que servem para desencadear massas”