Há ‘coisas’ do quotidiano que são – quaisquer que sejam os pontos de vista – paradigmáticas. Absolutamente! E com este tipo de bípedes, não há – para quem seja trespassado por uns fogachos de racionalidade. Ou de empiria! – desvelo que valha, nem solidariedade que se imponha.
A comunicação social dá a saber que, ontem, 30 criaturas viajaram de Coimbra até Lisboa num autocarro da Rede Expresso, conduzidos por um ‘criminoso’, de facto – um condutor que fez a viagem com a atenção dividida entre o filme que visionou, o som que ouviu por auriculares, e a estrada que percorreu. É claro que, em caso de sinistro e no limite, a negligência dar-lhe-ia o conforto para dormir sossegadamente até ao fim dos seus dias. E o ‘balanço’ do resto ficaria por conta do azar, que é parte intrínseca do viver. Um, ou mais, dos passageiros teve fígados para gravar em vídeo o persistente ‘crime’. Mas, entre trinta passageiros, não houve um que verbalizasse indignação, chamasse o condutor à razão, fizesse parar o autocarro de imediato – pouco interessando se era ou não na auto-estrada –, tivesse exigido o Livro de Reclamações para, no destino, registar o sucedido. Ou tivesse, no destino, chamado as autoridades para efectuar, a justa e merecida queixa. Não! Foi – sob o manto do cobarde anonimato – entregue a jornalistas que, presumem, preservarão segredo sobre as fontes.23/08/2019
17/08/2019
15/08/2019
Da nominata do meu Glossário
— Boudoir ―
No dia 29 de Outubro de 1946, cinco homens reúnem-se na casa de André Malraux, em Paris, perto do Bois de Bologne. São eles o próprio
Malraux, o húngaro Arthur Koestler, célebre pelo seu romance «O Zero e o Infinito», Manés Sperber, escritor
e psicólogo judeu, amigo de Koestler, Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
O motivo é a preocupação,
comum, com a situação política – os EUA venceram a guerra e possuem a bomba
atómica; a URSS de Estaline está prestes a possuí-la, e os direitos humanos têm
de ser defendidos por todo o lado.
Os intelectuais devem, têm a
obrigação de tomar a iniciativa. Em França, a Liga dos Direitos Humanos está demasiado
ligada ao Partido Comunista Francês e este enfeudado à União Soviética.
Não será de criar uma
organização de Direitos Humanos com um âmbito internacional, nova, e mais independente?
— Galeria ―
•Arthur Koestler, inicia o debate
«É essencial que seja formado um código mínimo
de moral política. E nós, intelectuais, temos de deixar de propor todo o género
de argumentos capciosos. Recentemente disse a um entrevistador que, pelas
mesmas razões, odiava tanto o estalinismo quanto o nazismo. Nós, escritores, traímos a História quando
não apresentamos queixas quando deveriam ser apresentadas. …seremos condenados por conspiração de
silêncio.»
•Malraux, que à semelhança de Camus envergara esse traje, define
a sua posição
– Há que fazer, apoiar,
qualquer coisa,…organizações que nada tenham a ver com indivíduos que crêem na ‘verdade’
do «proletariado».
•Camus, interpela-os
«Não acham que somos todos responsáveis pela
falta de valores?»
E aduz
«Nós, que vimos do pensamento de
Nietzsche, do niilismo ou do materialismo
histórico, se declarássemos abertamente que estávamos errados, que os valores
morais existem e que doravante faremos o necessário para os clarificar e
estabelecer, não acham que seria o princípio de alguma esperança?»
•Andrajo intelectual/canalha/’coisa’
abjecta –Jean-Paul Sartre
«Pensei um pouco na questão. A ‘vossa’
organização acabará por se virar contra os comunistas franceses, e não posso,
nem o farei, abandonar os que protegem os interesses dos oprimidos. Não posso
virar os meus valores morais exclusivamente contra a URSS, embora seja verdade
a deportação de milhões de pessoas.»
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
'Auto-de-fé'
Há assuntos sobre os quais – parece-me
– o maior proveito é emudecer. Por mais que se tente, não se sai sem os dedos
borrados.
Da presente greve dos
motoristas de pesados de transporte de matérias perigosas ― os que resolveram
mandar os mercenários da UGT e os turiferários da CGTP dar uma volta ao bilhar
grande — começa-se por onde, por quem?
― pelos
ratos que agora se queixam dos parcos salários com que são remunerados há
dezenas de anos? Por onde andaram?
― pelas ratazanas
representadas pela ANTRAM (Associação Nacional de Transportadores Públicos
Rodoviários de Mercadorias) que, tal-qualmente os motoristas, se especializaram numa ladainha semelhante embora de sentido oposto?
— na
inexistência de brio e zelo da Autoridade Tributária que deixa passar incólume
o roubo à sociedade com que os industriais nos mimam há décadas?
― no relaxe
dos serviços fiscalizadores da Segurança Social que mimeticamente procedem da
mesma forma que a AT?
— na
irresponsabilidade com que o governo põe, de um dia para o outro, militares das
Forças Armadas e da GNR a transportar dezenas de milhar de litros de combustível e/ou metros cúbicos de gás?
― a
cobardia que impede os camundongos da comunicação social a confrontar os
membros do governo directamente envolvidos com perguntas simples como
– em caso de sinistro, como e quem indemniza?
— a
impreparação que constrange os camundongos da comunicação social a dirigirem-se
à APS (Associação Portuguesa de Seguradores) e solicitar esclarecimentos sobre
as «Condições Particulares das Apólices de Seguro de Frota» e das «Condições
Particulares das Apólices de Acidentes de Trabalho»
― apreciar o comportamento da rataria que nos
sindicatos (CGTP e UGT) não chiam por estarem de férias ou dos ratos dos partidos
defensores do «povo trabalhador» que, por não lhes interessar, tacticamente não
guincham?
— apreciar
os pigarreios hipócritas do Presidente da República?
•
Para mergulhar num bueiro, e nele ficar a chapinhar, pegava
no «Germinal», «Ratos e homens» ou n’ «As
vinhas da Ira». Sucede que fui apanhado em sentido oposto, e não faço tenção
de inverter a marcha – … enquanto na tv correm os do Liverpool e do Chelsea leio,
entre outros, «Porque é que o bom Deus quer que haja pobres», «Um conto sobre a
morte e o epílogo de uma mão desconhecida» e «O rei Bohusch» de Rainer Maria Rilke.
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
09/08/2019
Os genitores morreram e a varonia é reles
Espinosa (se não me equivoco) alvitrou, contra ansiedades e angústias, ‘nada esperar para nada se temer’. Estou em condições para 1 - asseverar a inexistência de advertências e precauções e 2 - afiançar a alta probabilidade de um outro efeito – não consta da ‘bula’ – secundário, poderoso porque confere uma apreciável capacitação para esquadrinhar as múltiplas formas de hipocrisia (sem infringir a lei do menor esforço e por economia, assim denomino) ― a tosca do sobrevivente; a ladina e amiúde sórdida do videirinho e a ‘florentina’ do enxadrista.
•
Há uma multíplice de adestramento, complementar, para todos os gostos, desejos e, já agora, ‘arcaboiços’. São ‘gramáticas’ que não “passam pelo alfabeto” como anotou Vergílio Ferreira na sua «Conta-Corrente, em 1977, porque possuem “letras a mais para caberem nele”. Acresce que “aprendemos a ser gente pelos livros ou pela imitação. Mas só se imita com segurança o que se é” e, pior, o ‘nosso’ instinto — um tremendo óbice — “só dá para ser boçal”.
Assim ou assim, por estas ou aqueloutras razões, é facto que nenhuma é de moderninhos (os modernaços vivem do hospedeiro). Dos moderninhos – dos modernaços nem se fala! – … à parte adaptações, revisões, …, truques comerciais e golpadas de editores, … Novo, primevo e original como Adão, há nada! Exceptuando o algoritmo e a machine learning do Facebook que segundo Yann LeCun, investigador chefe do Facebook, “é mais estúpido do que um gato doméstico”.
•
É, em grande parte e a traço grosso, «o estado da arte».
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
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