15/08/2019

Da nominata do meu Glossário


Boudoir

No dia 29 de Outubro de 1946, cinco homens reúnem-se na casa de André Malraux, em Paris, perto do Bois de Bologne. São eles o próprio Malraux, o húngaro Arthur Koestler, célebre pelo seu romance «O Zero e o Infinito», Manés Sperber, escritor e psicólogo judeu, amigo de Koestler, Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
O motivo é a preocupação, comum, com a situação política – os EUA venceram a guerra e possuem a bomba atómica; a URSS de Estaline está prestes a possuí-la, e os direitos humanos têm de ser defendidos por todo o lado.
Os intelectuais devem, têm a obrigação de tomar a iniciativa. Em França, a Liga dos Direitos Humanos está demasiado ligada ao Partido Comunista Francês e este enfeudado à União Soviética.
Não será de criar uma organização de Direitos Humanos com um âmbito internacional, nova, e mais independente?

Galeria

Arthur Koestler, inicia o debate
«É essencial que seja formado um código mínimo de moral política. E nós, intelectuais, temos de deixar de propor todo o género de argumentos capciosos. Recentemente disse a um entrevistador que, pelas mesmas razões, odiava tanto o estalinismo quanto o nazismo. Nós, escritores, traímos a História quando não apresentamos queixas quando deveriam ser apresentadas. …seremos condenados por conspiração de silêncio.»
Malraux, que à semelhança de Camus envergara esse traje, define a sua posição
– Há que fazer, apoiar, qualquer coisa,…organizações que nada tenham a ver com indivíduos que crêem na ‘verdade’ do «proletariado».
Camus, interpela-os
«Não acham que somos todos responsáveis pela falta de valores
E aduz
«Nós, que vimos do pensamento de Nietzsche, do niilismo ou do materialismo histórico, se declarássemos abertamente que estávamos errados, que os valores morais existem e que doravante faremos o necessário para os clarificar e estabelecer, não acham que seria o princípio de alguma esperança


Andrajo intelectual/canalha/’coisa’ abjecta –Jean-Paul Sartre 

«Pensei um pouco na questão. A ‘vossa’ organização acabará por se virar contra os comunistas franceses, e não posso, nem o farei, abandonar os que protegem os interesses dos oprimidos. Não posso virar os meus valores morais exclusivamente contra a URSS, embora seja verdade a deportação de milhões de pessoas.»