09/04/2020
26/01/2020
Santo-e-senha
“Os portugueses precisam de Angola para vender mercadoria, prestar serviços, vender apartamentos de luxo, fazer obra pública e ganhar empreitadas de construção. O que os portugueses fazem em Angola, não fazem noutro sítio. Essa é a sua dependência. (…) Os últimos anos revelaram numerosas situações em que foi sempre Angola a pôr condições e Portugal a ceder. Os calendários diplomáticos e as agendas políticas entre os dois países estiveram à mercê dos interesses de Angola e dos caprichos dos seus dirigentes. As visitas de políticos, as reuniões entre Governos, a circulação de capitais e a reciprocidade das relações judiciais estiveram sempre dependentes das exigências angolanas. O ambiente em Angola é propício a fazer a vida difícil aos portugueses. Estes são brancos e foram colonialistas, duas características em crise. O ambiente em Portugal é propício a fazer a vida fácil aos angolanos. São ricos e têm dinheiro para gastar. (…) Haverá problemas? Talvez. Mas o pior é a certeza de que não temos Governo, polícias, juízes e bancos à altura.”
13/12/2019
Condicionamento lexical
20/11/2019
Sandices convenientes
Há quinze anos, Pedro Santana Lopes, indigitado primeiro-ministro, teve a ‘luminosa’ e ‘peregrina’ ― dois dos mimos com que a intelligentsia nacional glosou a decisão ― ideia de retirar da capital uma Secretaria de Estado. Resultou em nada. Quinze anos volvidos, António Costa impulsiona a descentralização administrativa do Estado, incrementando-a, com três secretarias de Estado. A ‘luminosa e peregrina’ ideia de Santana Lopes, quinze anos passados, por ser de uma mente brilhante de esquerda é, no mínimo, «refulgente» e «cerebrina». Naturalmente resultará em nada. Do que ouvi e li já há quem esteja a ganhar – a senhora Isabel Ferreira, secretária-de-Estado da Valorização do Interior que, desde a transacta segunda-feira, acrescentou à casa e à família, o exercício da patriótica incumbência na cidade de Bragança. A senhora percebe da poda. Parabéns! Politicamente, não é uma excreção populista, não! É de esquerda. Há quem nomeie a decisão por paliativo (anjinhos!). Em rigor nem isso é ‒ a acção/medida paliativa não cura, mas mitiga. Ora isto, pura e simplesmente, não procede; ou seja, não cura nem mitiga. São sandices convenientes à «máquina». No que concerne a desígnios burocráticos, a Catalunha funcionará como farolete.
17/11/2019
Pessoas, naturalmente! Cidadãos, nem por isso.
A cidadania obriga a contrapartes, que inconvenientemente dizem respeito a cada qual. Uma das contrapartes é nem mais nem menos a forma servil como nos deixamos ser tomados quer pelos aparelhos do Estado quer por burocratas e dignitários que, de forma efectiva ou interina, os compõem; outra é a forma bovina com que somos colhidos quotidianamente pelo bom noticiário que alguma comunicação social mais agenciosa nos serve; outra é a tolerância que há para os avanços cada vez mais explícitos nos trilhos da cretinização;…
Me parece que são dispensáveis exemplos. São diários, consecutivos e sistemáticos, e de toda a índole e para todos os gostos!
O assentimento, considerado individual ou colectivamente, qualificam-nos (sempre) mais a nós – pretensos cidadãos ‒ do que diz ‘deles’ ‒ aqueloutros a quem nós pagamos e/ou confiamos (elegendo-os) para tratar dos assuntos da sociedade.
Amiúde se ouve da boca de gente mui respeitosa (ou que assim se julga)
16/11/2019
Era para ser (uma crónica)
07/11/2019
Cinjamo-nos à canópia!
Ainda assim, e porque descrevendo melhor a génese se percebe melhor o mistério, uma espreitadela por baixo da canópia. Como chegou a instituição, Forças Armadas, a isto?
(…) in the mid- to late 1970s socialism and Communism enjoyed wide support in Portugal. Indeed, we had agents throughout the Portuguese intelligence service, and in the chaos that followed the socialist revolution that overthrew Salazar/Caetano, our agents came up with a bold stroke. One night, with the help of moles and sympathizers inside the security apparatus, Portuguese working for the KGB drove a truck to the Security Ministry and hauled away a mountain of classified intelligence data, including lists of secret police agents working for the Salazar regime. The truckload of documents was delivered to our embassy in Lisbon, then sent by plane to Moscow, where analysts spent months poring over the papers. (…) there was some material of limited interest on American military operations in Europe. (…) the really valuable material was the list of the thousands of agents and informers who worked for the Salazar dictatorship. Our officers later used this information to force some of these agents to work for us. (…) In the 1990s, (…) I was interviewed by major national media and did not mince words about the role of the Portuguese Communist Party in providing generous support for Soviet intelligence operations. I was immediately denounced by Álvaro Cunhal, the Party leader, as a liar and a traitor. (…) I repeated what I had been saying over and over again: ‘The Communist Party of Portugal is our best and most loyal ally in Europe (…)’
in «Spymaster - My Thirty-two Years in Intelligence and Espionage Against the West» de Oleg Kalugin/2009, pág.194/195
26/10/2019
Cristãos a pregar em Meca
19/10/2019
06/10/2019
Plantemos laranjeiras!
Provado à saciedade está que — por mais que sejam os ‘arranjos’ ou ‘combinações’ arquitectadas — não é com este ‘conjunto’, que se logrará algo de relevante ou profícuo. Ora, como é cientificamente implausível o recurso a ‘conjunto’ de natureza diversa, então — ao ver as estranhas concepções, ideias e alucinações que brotam da mente humana —, arranja-se forma de crer na Providência ou, fatalmente tolhidos por este mundo que adora a sua própria vulgaridade e mistura luxo com lixo, se replique o gesto de Luís XVI — mandou plantar laranjeiras em Versalhes porque os excrementos da corte empestavam o ar. Sugiro que repliquemos o gesto de Luís XVI: plantemos laranjeiras!
05/10/2019
Reflexões neste sacrossanto dia
Há 43 anos, uns líricos profundamente hipócritas instituíram o dia anterior ao dia da eleição como ‘de Reflexão’. Presentemente a sacralização traga-se porque lográmos passar de um generalizado analfabetismo a uma generalizada incompetência. É a minha opinião que nestas ‘coisas’ da política e da «razão pública» sou, de longe, muito mais por Pelágio do que por Santo Agostinho. Pois, então reflitamos.
É dito que a democracia junta, educa, civiliza – e que é uma tarimba de civilidade e civismo! Ontem, o alter ego da terceira figura do Estado (primeiro-ministro) — confrontado por um excitado com idade para ter juízo — proporcionou-nos uma lição de civilidade. As lições de civismo não são para aqui chamadas porque, referi-las, implicaria trazer a multitude de ‘modelos’ adestrados — os ‘apanhados’ nas malhas de algum tipo de escrutínio! — por essa ‘madraça’ (rica e farta em pergaminhos) que é o PS.23/08/2019
É triste, mas é o que há
Há ‘coisas’ do quotidiano que são – quaisquer que sejam os pontos de vista – paradigmáticas. Absolutamente! E com este tipo de bípedes, não há – para quem seja trespassado por uns fogachos de racionalidade. Ou de empiria! – desvelo que valha, nem solidariedade que se imponha.
A comunicação social dá a saber que, ontem, 30 criaturas viajaram de Coimbra até Lisboa num autocarro da Rede Expresso, conduzidos por um ‘criminoso’, de facto – um condutor que fez a viagem com a atenção dividida entre o filme que visionou, o som que ouviu por auriculares, e a estrada que percorreu. É claro que, em caso de sinistro e no limite, a negligência dar-lhe-ia o conforto para dormir sossegadamente até ao fim dos seus dias. E o ‘balanço’ do resto ficaria por conta do azar, que é parte intrínseca do viver. Um, ou mais, dos passageiros teve fígados para gravar em vídeo o persistente ‘crime’. Mas, entre trinta passageiros, não houve um que verbalizasse indignação, chamasse o condutor à razão, fizesse parar o autocarro de imediato – pouco interessando se era ou não na auto-estrada –, tivesse exigido o Livro de Reclamações para, no destino, registar o sucedido. Ou tivesse, no destino, chamado as autoridades para efectuar, a justa e merecida queixa. Não! Foi – sob o manto do cobarde anonimato – entregue a jornalistas que, presumem, preservarão segredo sobre as fontes.