31/07/2019

Verbetes

Carlos Encarnação declarou que ‘o PSD, nesta altura, não serve para nada’. Não é dogma porque a natureza do ‘objecto’ é circunstancial, volátil. É um axioma. A obviedade foi certificada pela indiferença com que foi acolhida nas redes sociais que, na prática, ‘não tugiu nem mugiu’.

A genialidade de António Costa e a ‘ciência’ de Mário Centeno assentaram em tomar como bons e fugir de contrariar — respeitar tão escrupulosamente quanto possível — que ‘não se apanham moscas com vinagre’ nem ‘se apanham pássaros velhos com redes novas’. Não há volta que possa ser dada ao texto – É pelo estômago que se governam os homens. É, por isso, desejo meu que Mário Centeno não vá para o FMI nem ache quaisquer escusas que justifiquem e legitimem o impedimento à renovação de mandato – Ministro das Finanças – do próximo governo. Quem faz a obra merece ser aclamado no cimo do coruchéu!

Por falar em desejos — Mantenho as melhores expectativas na candidatura do sr. Francisco Louçã à Presidência da República!

27/07/2019

O apagão fiscal neoliberal e o desligamento possibilista

Nos últimos três anos saíram de Portugal 30 mil milhões de euros para offshores.

Comparam com os ± 18 mil milhões de euros que se escoaram entre 2013 e 2015. As Finanças não avançam – ou, por ora, não lhes interessa! – qualquer justificação para o crescimento de 67% das transferências no último triénio. Os 30 mil milhões, que se esvaeceram desde 2016, ganham relevância na medida em que a AT as classifica “risco elevado” e, por esta razão – depois do “apagão fiscal” revelado em 2017 –, ter intensificado as acções de controlo. É o esmero e a eficácia do fisqueiro «possibilista», leia-se «socialista oportunista», face ao desmazelo e incompetência daquele outro, neoliberal.

25/07/2019

Abreviações

Quem convida Jorge Coelho a discorrer sobre incêndios, num Telejornal, não tem intenção de acrescentar um iota ao assunto. Desfiou um rosário de trivialidades — “os incêndios não vão acabar acabarão…, as alterações climáticas…, o despovoamento do ‘interior’…, ninguém faz num ano o que não foi …, as percas perdas…”.
Abreviando, «Habituem-se.»

O insigne Pedro Nuno Santos, ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, o rapazinho que pôs os 'prussianos' em sentido, no decurso do fiasco negocial com os camionistas de ‘matérias perigosas’ disse aos jornalistas “Temos todos de nos preparar. Era avisado abastecer para enfrentar o que vier a suceder".
Abreviando, «Desenrasquem-se!»

Há três anos, ironizando, sugeri que o Bloco de Esquerda devia negociar a sua integração no Partido Socialista. E o que dele restasse, que se dissolvesse ou...
Hoje, sem pingo de ironia, sugiro que o que subsiste do PSD, já que está a um passo de se transformar num oligócrono, negoceie a integração no Partido Socialista. E o que dele restar, que se dissolva ou…
É que, parece-me, Rui Rio está a pontos de conseguir fazer o que, à vez, Miller Guerra; Emídio Guerreiro; Mota Pinto e Miguel Veiga; as «Opções Inadiáveis» leia-se «Sousa Franco, Magalhães Mota, Marques Mendes, Cunha Leal, António Rebelo de Sousa, Barbosa de Melo, Rui Machete, Sérvulo Correia e Nandim de Carvalho» como subscritores e «Jorge Miranda e Pinto Balsemão» como apoiantes e «Cavaco Silva e Eurico de Melo» quando exigiram a demissão de Francisco Pinto Balsemão, primeiro-ministro, não lograram.
Abreviando, em ambos os casos as concretizações seriam politicamente salubrificadoras e profilácticas, socialmente.

22/07/2019

Do 'patois' da malta

Vou ter sempre ao mesmo ponto, por mais voltas que dê.
— Como se resolvem assuntos estruturais de âmbito societal sem alterar a ‘estruturação’ individual? Como se altera um número sem mudança de algarismos?
No transacto fim-de-semana rumorejou um post de um bombeiro, indignado, a verberar a alimentação fornecida no fim da jornada – Sim, pelo que vi, parece-me que há razão; Denuncia a ausência de respeito pelos bombeiros – Sim, parece-me que a há, mas há muito.
É um ‘lado’.
E alguém desconsiderado, e que – começando por ser consequente – não move uma palha, é o outro ‘lado’. Ou não é?!

18/07/2019

Uma desgraça nunca vem só

‘(…) Propomos mudar, simbolicamente, o nome do ministério porque se nós pensarmos bem, hoje é Ministério da Saúde e deveria ser Ministério da Doença (…) na prática não trata da saúde só trata da doença e aquilo que nós queremos é que o ministério seja mais da saúde do que da doença (…) propomos mudar para «Ministério da Promoção da Saúde» ou, por exemplo, «Ministério da Saúde e Bem-Estar» (…)’ (sic)
Rui Rio, presidente do PSD
Se Rui Rio precisava de dissuadir a curiosidade (pelo menos) das pessoas para as ‘medidas para a saúde’ em si, conseguiu. O ridículo nunca esquece a factura.

17/07/2019

Da imoderada ‘pluma’ da Clarinha, e similares

Um texto – «Colonialismo e Crueldade» in Revista (Expresso), 13.07.2019 – que me embrulhou o estômago pela infrene desonestidade intelectual do renque de mecos que enxameiam a imprensa nacional – um escol que se dá ares de polígrafo, e que tão bem patenteados ficam pela esgrouviada ‘pluma’ de Clara Ferreira Alves.
Deles e das suas ‘obras de fancaria’ — mas que dada a edição profusa e contínua, fazem lastro — escreveu no transacto dia 12.07, António Guerreiro, socorrendo-se de Sloterdijk
Este mundo da opinião é agonístico, isto é, alimenta-se das ilusões marciais, das virtudes heróicas, e imagina-se sempre em combate para dar provas de existência. Além disso, é quase exclusivamente reactivo, parasitário e amplificador de ecos. (…) o universo constituído pela secção dos media designada por “opinião” deve-se em grande medida a ter adquirido o estatuto de posto fixo. (…) a opinião realizada por este novo proletariado incita à teatralidade, à virulência, à lógica da irrupção (…)”
Escreve a lady, sempre pedante, Basta ler os guias da Índia (…) ” (1);
presunçosa e irresponsável — como quantos se atiram a discretear sobre a valia dos registos Akáshicos ou do princípio Antrópico com o mesmo à vontade e autoridade com que especulam sobre os danos, eventuais, que poderão ser causados pelo buraco no passeio da sua rua — grafa
O colonialismo português, com as tropelias e guerras, nunca produziu um escritor (…) Não produziu nada de extraordinário depois das epopeias, tragédias e relatos do século XVI e XVII” (2);
ignara e incapaz de compreensão do omisso no ‘prontuário’, confessa
Sempre pasmei da ausência de ressentimento tanto nos intelectuais como na gente simples de um país que condenámos à miséria e à corrupção.(3)

É verdade que i) fazem prova contínua das suas inaptidões para habitar, conciliando-os, os Mundos II e III de Popper, ii) infelizmente não é a plateia que, grosso modo, está capacitada para os denunciar – se estivessem não a compunham, iii) os que estão e optam por não os confrontar, fazem mal, tornam-se coniventes, são perpetradores.
E verdade será que iv) por mais que se desunhem, jamais chegarão além de despenseiros desta birosca – aliás, são os primeiros interessados em que o ‘meio e o ambiente’ não sejam reconhecidos acima da birosca. Mas são os baronetes, a fidalguia deste meiinho kitsch

15/07/2019

‘No final, os enganadores só se enganam e eles próprios.’ *

Em 1975, Valéry Giscard d’Estaing, numa conferência sobre a situação internacional – empertigado em cima da disponibilidade interessada e da força dos mísseis Pershing que os EUA, em breve, instalariam na Alemanha Federal, Holanda, Bélgica, Itália e Inglaterra – disse: ‘o mundo é infeliz. É infeliz porque não sabe para onde vai. E porque adivinha que, se o soubesse, descobriria que vai para a catástrofe.’

Erro de análise, visão distorcida. Qual quê?! O mundo mantinha-se fascinado pelos franceses, a França regurgitava muito do que o mundo carecia – moral, ética, humanismo,… – através das escusas, doutrinas e prescrições de J.P.Sartre, H.Marcuse — e Bernard-Henry Lévy que ainda não se zangara com Sartre, ou seja, não concluía ser um asno! — … Enfim, a França era um exemplo para a humanidade, e um alfobre de 'mentes brilhantes'.
De lá para cá, o mundo não é mais nem menos infeliz, e a catástrofe não aconteceu — a não ser que nos atenhamos em comparações entre a qualidade dos altos dignitários europeus da ocasião e os actuais; entre a filial pujança económica francesa, à época, e os ‘nós’ que os franceses vão dando e a que E.Macron, F.Hollande, N.Sarkozy, J.Chirac e F.Miterrand não souberam, ou não puderam, desatar; entre o gregarismo sociológico de então e o presente esboroamento social;…

Ontem, em sentido, a ver passar 67 aviões da Força Aérea, 40 helicópteros, 196 veículos militares 4.300 garbosos militares, apeados, E.Macron falou da premente necessidade de tratar da defesa europeia. Sim, disse bem. A dificuldade está no «com que meios?». Vêem-se gregos para aguentar os pilaretes do proposto e propugnado Estado-Social, e… Soa-me a cómico na boca de Macron. Quando o propósito é abordado por Marcelo Rebelo de Sousa ou António Costa, imagine ao que me soa.

No fundo, entre nós, o problema vem de antanho. Enquanto não fôr modificado o olhar que os homens assentam sobre o seu mundo e o seu futuro, tudo é dispensável. Os europeus não carecem de inimigos externos; bastam-se a eles próprios. Quando têm problemas, procrastinam; quando não têm, importam-nos ou inventam-nos. A inércia vai fazendo o resto: ou os atira para o regaço de amigos mais fortes, ou contra a realidade dos outros.

* citação de Ghandi

09/07/2019

A estrutura

A ‘máquina’ que inventa racistas no presente é a mesma que, há trinta ou quarenta anos, inventava fascistas. É uma ‘relíquia’ da industrialização 2.0, mas mantém-se fiável. Tem a idade do Big-Ben e um mecanismo, à luz do que conhecemos, rudimentar, mas é funcional. Como os relógios mecânicos carecem de engrenagens lubrificadas e afinações para garantir as velocidades angulares e os torques, mas não falham a hora – Haja quem lhes dê corda!

A ‘máquina’ que inventa racistas no presente é uma das ‘máquinas’ que compõem a estrutura transnacional de que fazem parte outras ‘máquinas’, cada qual com sua função – intelectual ou operacional – específica: uma atormenta todas as formas de viver liberal; outra diligencia pelos desígnios LGBT; outra redistribui a compaixão; outras porfiam por inclusões de preferência exclusivistas (é o caso do islamismo fundamentalista); outras pela imposição da nova «religião climatológica» e outras fazem pelas rupturas epistemológicas e, pior, ontológicas,… Bem sei que todos viveríamos melhor e tudo correria melhor, se fôssemos minhocas e vivêssemos todos no mesmo quintal. Mas as águias e os ratos não vão nisso. De novo há, nada. Nem a máquina e a estrutura são novas nem quantos clamam surpresa, o fazem sem mentir descaradamente. As ‘máquinas’ são as mesmas e a ‘produção’ foi inovada porque o Muro de Berlim ruiu, os ‘ecos’ da «Conferência de Bandung» esbarraram na realidade, e as conclusões do «Manifesto de Taïf» esvaíram-se. Enfim, estamos a vivenciar – com o inerente delay – muito do que, por exemplo, o «Grupo de Paris» [1979–Hamburgo, Paris e Zurique; 1980–Nova Deli, Koweit, Ryiad, Paris, Washington e Argel] antecipou e preconizou. Os caminhos entretanto trilhados não são dossiers «top secret». Existem em abundância e, não sendo necessário ser-se polímato, estudam-se. Menciono alguns – poucos, mas representativos: por um lado ― Edward Saïd, Hamid Dabashi, Franz Fanon,…; pelo outro — Pascal Bruckner, Roger Scruton, Alain Minc, Emmanuel Todd,…; pelo ‘meio’ — Mark Lilla,…

07/07/2019

Obliteração

É uma fortíssima razão para recomeçar. Há uma dúzia de anos foi a denúncia de um prestante do primeiro-ministro da República do Chipre, ou do próprio. Dessa vez ainda me dei ao trabalho de perguntar os porquês ao srs. do Blogger.

‘Quem de mel se faz, as abelhas o comem.’