A ‘máquina’ que inventa racistas no presente é a mesma que, há trinta ou quarenta anos, inventava fascistas. É uma ‘relíquia’ da industrialização 2.0, mas mantém-se fiável. Tem a idade do Big-Ben e um mecanismo, à luz do que conhecemos, rudimentar, mas é funcional. Como os relógios mecânicos carecem de engrenagens lubrificadas e afinações para garantir as velocidades angulares e os torques, mas não falham a hora – Haja quem lhes dê corda!
A ‘máquina’ que inventa racistas no presente é uma das ‘máquinas’ que compõem a estrutura transnacional de que fazem parte outras ‘máquinas’, cada qual com sua função – intelectual ou operacional – específica: uma atormenta todas as formas de viver liberal; outra diligencia pelos desígnios LGBT; outra redistribui a compaixão; outras porfiam por inclusões de preferência exclusivistas (é o caso do islamismo fundamentalista); outras pela imposição da nova «religião climatológica» e outras fazem pelas rupturas epistemológicas e, pior, ontológicas,… Bem sei que todos viveríamos melhor e tudo correria melhor, se fôssemos minhocas e vivêssemos todos no mesmo quintal. Mas as águias e os ratos não vão nisso. De novo há, nada. Nem a máquina e a estrutura são novas nem quantos clamam surpresa, o fazem sem mentir descaradamente. As ‘máquinas’ são as mesmas e a ‘produção’ foi inovada porque o Muro de Berlim ruiu, os ‘ecos’ da «Conferência de Bandung» esbarraram na realidade, e as conclusões do «Manifesto de Taïf» esvaíram-se. Enfim, estamos a vivenciar – com o inerente delay – muito do que, por exemplo, o «Grupo de Paris» [1979–Hamburgo, Paris e Zurique; 1980–Nova Deli, Koweit, Ryiad, Paris, Washington e Argel] antecipou e preconizou. Os caminhos entretanto trilhados não são dossiers «top secret». Existem em abundância e, não sendo necessário ser-se polímato, estudam-se. Menciono alguns – poucos, mas representativos: por um lado ― Edward Saïd, Hamid Dabashi, Franz Fanon,…; pelo outro — Pascal Bruckner, Roger Scruton, Alain Minc, Emmanuel Todd,…; pelo ‘meio’ — Mark Lilla,…