Em 1975, Valéry Giscard d’Estaing, numa conferência sobre a situação internacional – empertigado em cima da disponibilidade interessada e da força dos mísseis Pershing que os EUA, em breve, instalariam na Alemanha Federal, Holanda, Bélgica, Itália e Inglaterra – disse: ‘o mundo é infeliz. É infeliz porque não sabe para onde vai. E porque adivinha que, se o soubesse, descobriria que vai para a catástrofe.’
Erro de análise, visão distorcida. Qual quê?! O mundo mantinha-se fascinado pelos franceses, a França regurgitava muito do que o mundo carecia – moral, ética, humanismo,… – através das escusas, doutrinas e prescrições de J.P.Sartre, H.Marcuse — e Bernard-Henry Lévy que ainda não se zangara com Sartre, ou seja, não concluía ser um asno! — … Enfim, a França era um exemplo para a humanidade, e um alfobre de 'mentes brilhantes'. De lá para cá, o mundo não é mais nem menos infeliz, e a catástrofe não aconteceu — a não ser que nos atenhamos em comparações entre a qualidade dos altos dignitários europeus da ocasião e os actuais; entre a filial pujança económica francesa, à época, e os ‘nós’ que os franceses vão dando e a que E.Macron, F.Hollande, N.Sarkozy, J.Chirac e F.Miterrand não souberam, ou não puderam, desatar; entre o gregarismo sociológico de então e o presente esboroamento social;…Ontem, em sentido, a ver passar 67 aviões da Força Aérea, 40 helicópteros, 196 veículos militares 4.300 garbosos militares, apeados, E.Macron falou da premente necessidade de tratar da defesa europeia. Sim, disse bem. A dificuldade está no «com que meios?». Vêem-se gregos para aguentar os pilaretes do proposto e propugnado Estado-Social, e… Soa-me a cómico na boca de Macron. Quando o propósito é abordado por Marcelo Rebelo de Sousa ou António Costa, imagine ao que me soa.
No fundo, entre nós, o problema vem de antanho. Enquanto não fôr modificado o olhar que os homens assentam sobre o seu mundo e o seu futuro, tudo é dispensável. Os europeus não carecem de inimigos externos; bastam-se a eles próprios. Quando têm problemas, procrastinam; quando não têm, importam-nos ou inventam-nos. A inércia vai fazendo o resto: ou os atira para o regaço de amigos mais fortes, ou contra a realidade dos outros.
* citação de Ghandi