Há quinze anos, Pedro Santana Lopes, indigitado primeiro-ministro, teve a ‘luminosa’ e ‘peregrina’ ― dois dos mimos com que a intelligentsia nacional glosou a decisão ― ideia de retirar da capital uma Secretaria de Estado. Resultou em nada. Quinze anos volvidos, António Costa impulsiona a descentralização administrativa do Estado, incrementando-a, com três secretarias de Estado. A ‘luminosa e peregrina’ ideia de Santana Lopes, quinze anos passados, por ser de uma mente brilhante de esquerda é, no mínimo, «refulgente» e «cerebrina». Naturalmente resultará em nada. Do que ouvi e li já há quem esteja a ganhar – a senhora Isabel Ferreira, secretária-de-Estado da Valorização do Interior que, desde a transacta segunda-feira, acrescentou à casa e à família, o exercício da patriótica incumbência na cidade de Bragança. A senhora percebe da poda. Parabéns! Politicamente, não é uma excreção populista, não! É de esquerda. Há quem nomeie a decisão por paliativo (anjinhos!). Em rigor nem isso é ‒ a acção/medida paliativa não cura, mas mitiga. Ora isto, pura e simplesmente, não procede; ou seja, não cura nem mitiga. São sandices convenientes à «máquina». No que concerne a desígnios burocráticos, a Catalunha funcionará como farolete.
20/11/2019
17/11/2019
Pessoas, naturalmente! Cidadãos, nem por isso.
Há tempos publiquei um pequeno texto onde acusava a
factual escassez de cidadãos. Às pessoas, o Estado leia-se, a sociedade, à
nascença, atribui-lhes uma identificação designada «Cartão de Cidadão». E um Número
de Identificação Fiscal! Ora, isso não basta para alguém se considerar um cidadão. O facto de alguém ser nomeado «cidadão» não o faz cidadão.
A cidadania obriga a contrapartes, que inconvenientemente dizem respeito a cada qual. Uma das contrapartes é nem mais nem menos a forma servil como nos deixamos ser tomados quer pelos aparelhos do Estado quer por burocratas e dignitários que, de forma efectiva ou interina, os compõem; outra é a forma bovina com que somos colhidos quotidianamente pelo bom noticiário que alguma comunicação social mais agenciosa nos serve; outra é a tolerância que há para os avanços cada vez mais explícitos nos trilhos da cretinização;…
Me parece que são dispensáveis exemplos. São diários, consecutivos e sistemáticos, e de toda a índole e para todos os gostos!
O assentimento, considerado individual ou colectivamente, qualificam-nos (sempre) mais a nós – pretensos cidadãos ‒ do que diz ‘deles’ ‒ aqueloutros a quem nós pagamos e/ou confiamos (elegendo-os) para tratar dos assuntos da sociedade.
Amiúde se ouve da boca de gente mui respeitosa (ou que assim se julga)
A cidadania obriga a contrapartes, que inconvenientemente dizem respeito a cada qual. Uma das contrapartes é nem mais nem menos a forma servil como nos deixamos ser tomados quer pelos aparelhos do Estado quer por burocratas e dignitários que, de forma efectiva ou interina, os compõem; outra é a forma bovina com que somos colhidos quotidianamente pelo bom noticiário que alguma comunicação social mais agenciosa nos serve; outra é a tolerância que há para os avanços cada vez mais explícitos nos trilhos da cretinização;…
Me parece que são dispensáveis exemplos. São diários, consecutivos e sistemáticos, e de toda a índole e para todos os gostos!
O assentimento, considerado individual ou colectivamente, qualificam-nos (sempre) mais a nós – pretensos cidadãos ‒ do que diz ‘deles’ ‒ aqueloutros a quem nós pagamos e/ou confiamos (elegendo-os) para tratar dos assuntos da sociedade.
Amiúde se ouve da boca de gente mui respeitosa (ou que assim se julga)
– as generalizações etc e tal…
Aí vai uma fundamentadíssima generalização
― Recebemos em troca o que desejamos e merecemos!
Vem a propósito a entrevista do geógrafo, Álvaro Domingues
Nota: todos os presidentes da República –
Eanes, Soares, Sampaio, Cavaco ‒ tiveram faltas e falhas neste domínio. Mas nenhum contribuiu tanto para a cretinização da sociedade quanto
Marcelo Rebelo de Sousa.
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
16/11/2019
Era para ser (uma crónica)
Ao passar os olhos pelos jornais, não houve maneira de impedir ser atiçado por quatro referenciais'
. As lições de Pierre Bourdieu no Collège de France, em 07 e 21 de Fevereiro de 1991;
. O conteúdo de «O Conhecimento Inútil» de Jean-François Revel (1988) ― ‘será necessário avançar ou retroceder,
porque não seremos capazes de resistir por muito tempo à tensão que a nossa
cultura híbrida nos inflige, em que os nossos estados de consciência se dividem
entre o que sabemos e, ao mesmo tempo, negamos ser verdade, em que a humanidade
está condenada a oscilar entre o cinismo de curto alcance e a contrição
inconsequente’.
Citando Cioran ― a oscilar entre "o oportunismo e o desespero".
. Émile Durkheim ―
podem as apontar-lhe ‘rugas’, mas não o dirão embromador ou invencioneiro ― decompondo a ‘coisa’ [o Estado] definiu-o ‒ bem! ‒ como ‘fundamento da integração lógica e integração
moral no mundo social’.
•
Na ‘alegoria’ de Josué, commumente denominada por «As trombetas de Jericó», é dito ― ‘à medida que o som das trombetas se tornar mais forte, todo o povo irromperá em grande clamor; a muralha da
cidade há-de desabar (…)’
Haverá
povo para irromper em clamor? Duvido!
Pois,
que alanzoais?! Do que refilais? Com quem? Porquê?
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
07/11/2019
Cinjamo-nos à canópia!
É um dos ‘campos’ constitutivos
da ‘coisa’ que desmerece ‘mergulho’ abaixo da canópia. Ir além do mero registo
é, em termos domésticos, incorrer contra a crendice democrática. Tentar, seria uma
bravata contra a «doxa» – o mesmo que fazer, da Razão, moeda com valor
fiduciário.
Ainda assim, e porque descrevendo melhor a génese se percebe melhor o mistério, uma espreitadela por baixo da canópia. Como chegou a instituição, Forças Armadas, a isto?
(…) in the mid- to late 1970s socialism and Communism enjoyed wide support in Portugal. Indeed, we had agents throughout the Portuguese intelligence service, and in the chaos that followed the socialist revolution that overthrew Salazar/Caetano, our agents came up with a bold stroke. One night, with the help of moles and sympathizers inside the security apparatus, Portuguese working for the KGB drove a truck to the Security Ministry and hauled away a mountain of classified intelligence data, including lists of secret police agents working for the Salazar regime. The truckload of documents was delivered to our embassy in Lisbon, then sent by plane to Moscow, where analysts spent months poring over the papers. (…) there was some material of limited interest on American military operations in Europe. (…) the really valuable material was the list of the thousands of agents and informers who worked for the Salazar dictatorship. Our officers later used this information to force some of these agents to work for us. (…) In the 1990s, (…) I was interviewed by major national media and did not mince words about the role of the Portuguese Communist Party in providing generous support for Soviet intelligence operations. I was immediately denounced by Álvaro Cunhal, the Party leader, as a liar and a traitor. (…) I repeated what I had been saying over and over again: ‘The Communist Party of Portugal is our best and most loyal ally in Europe (…)’
in «Spymaster - My Thirty-two Years in Intelligence and Espionage Against the West» de Oleg Kalugin/2009, pág.194/195
Ademais, quatro décadas volvidas, e apesar de
Eanes, Firmino Miguel, Pires Veloso, Galvão de Melo, Sanches Osório, Loureiro
dos Santos, Melo Egídio, Jaime Neves, etc… mantemo-nos
no domínio dos ‘netos da madrugada’ que,
tal qual os ‘pais’ ‒ os ‘filhos da
madrugada’‒, ‘sem saberem de dor
ou mágoa’, ‘navegam de vaga em vaga’
à ‘procura de quem lhes traga verde oliva
de flor nos ramos’.
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
26/10/2019
Cristãos a pregar em Meca
Quatro voltas em redor da Caaba
“(…) Andámos pela Baixa, por cada rua, várias vezes. (…) por onde quer que andássemos, fomos acompanhados por um fedor horrendo a merda velha de esgotos sobrecarregados. Olhámos à nossa volta para as multidões de turistas e lisboetas. Há um excesso de cagadores. Como é que o Chiado e a Baixa de Lisboa não hão-de cheirar a merda? Antes de construir novos aeroportos, para receber mais milhões de cagadores, construam esgotos e ETAR para Lisboa não cheirar mal. (…) o cheiro a merda atira-a para a mais suja e miserável condição. (…)”-Miguel Esteves Cardoso
“Estão no governo de Costa 27 deputados socialistas recém-eleitos para a Assembleia da República e substituídos pelos homens sem cara que vinham a seguir nas listas. Esta vergonha é habitual: os partidos põem à frente gente com algum crédito para mostrar que se importam com o povo e depois essas duas dúzias de notabilidades vão para o governo e deixam o que sobra a falar sozinho.”
[…]
“Toda a gente está preocupada com as finanças e as propriedades de Nuno Artur Silva, o novo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. O que me preocupa é Nuno Artur Silva. O canal “Q”, o mais notório produto do seu génio, é uma miséria intelectual e moral.”-Vasco Pulido Valente
“Antigamente a sujidade da política sofria uma demão de verniz. Nas situações extremas, varria-se o lixo para debaixo do proverbial tapete. Nos tempos que correm, é isto.”-Alberto Gonçalves
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
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