25/01/2020

Do contubérnio e das regras de trânsito

Estas já ninguém lhas tira. Mas há conforto, presumo. Encontrá-lo-á junto do inquilino do palácio de Belém, por exemplo ― há mais, mas serão menos representativos e, por consequência, menos influentes.
Futuramente e no que tange ao procedimento profissional, terá de sopesar apenas a percentagem de melanócitos do/a prevaricador/a – o resto será tudo igual.
Se o prevaricador ― quem viaja sem bilhete ou sem disposição para o adquirir ― denotar sinais de que 1 – não é 'caucasiano' * ou 2 – sendo 'caucasiano', não seja proveniente de zonas ou bairros de 'gente desvalida' leia-se, especialmente protegida ― caso dos romani/zíngaros ―, o motorista ou
i) cumpre, chama a autoridade e, mais tarde, lhe partem a tola ou
ii) incumpre, e sujeita-se a ser castigado na carteira.

Da dificuldade optativa neste estreito campo de opções, comece por agradecer à sociedade em geral – se é o caso, verbero e lamento o sucedido; mas se tiver de (agrade-lhe ou não) imputar responsabilidades a si próprio (além das que assaque aos demais) ― verbero mas não lamento. É bem feito!

* não seja caucasiano, mas seja 'afro'. Que conste, com 'vermelhos' e 'amarelos', estas 'insurgências'/'indignações'/'perseguições' e outras maldades não preenchem agendas noticiosas.

04/01/2020

Da nossa recompilação

Ouvir telejornais, sem pôr o interruptor dos neurónios do córtex pré-frontal em off, indispõe. Nas ‘notícias’ da TVI, das 20 horas de 03.01.2020, ouvi
A catástrofe ambiental que ocorre na Austrália (…) num país cujo governo é dos mais negacionistas, quanto às alterações climáticas, parece ser castigo da Providência.”
Alguns dos Pais da Igreja (os mestres da Patrística), na Idade Média, lograram melhor!

Não é especialidade da TVI — mudar para a SIC ou para a RTP dá no mesmo. Mudar de veículo ou plataforma também não resulta diverso; nos ávidos de papel (jornais) assim é. O Editorial do Público de 04.01.2020, assinado por Manuel Carvalho Crónica de mais uma guerra que o Ocidente vai perder – é do mesmo — Quem te manda, sapateiro, tocar rabecão! — um chorrilho de vulgaridades entremeadas de atrevidas premonições coligidas, aqui e além, no que os nossos ‘especializados’ têm por «The Oxford Handbook of…» ou seja, as apreciações e ‘análises’ dos colegas dos venerados Washington Post, New York Times, Hunfington Post, Time, Le Monde, The Telegraph, Bild e El País.

Há uma centena de anos, Karl Kraus escreveu
A missão da imprensa consiste em divulgar o espírito e, ao mesmo tempo, destruir a capacidade de assimilação.

31/12/2019

Menos!

Um político pode não se achar apto para pensar numa tarouquice ou matutar num absurdo, mas que está sempre pronto a proferir um despautério, está!

Jorge Jesus contribuiu, e contribui, para projectar o prestígio de Portugal (…) tal como fez o Infante D. Henrique

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República

19/12/2019

Crimes ambientais

Neste período de Festas, o mercado editorial, explode literalmente. Por razões que nada têm que ver com letras, ideias, pulsões literárias, literacia,… não estranha nem espanta. O facto percepcionado sem descer ao terreno ou seja, pegar-lhes, desfolhá-los, passar os olhos pelos panegíricos dos editores e/ou pelos prefácios encomiásticos encomendados a amigos maravilhados, é enganador ‒ a não ser que prevaleça a pseudo-cultural sugestão do “lede, lede qualquer coisa”. E se pretendemos um livro que faça jus à designação, a resposta é invariavelmente — “Não temos; temos de o pedir à editora. Quando chegar, contactá-lo-emos.” Uma apreciável percentagem das edições não são de livros; são de crimes ambientais. Levar uma coisa daquelas para casa é, por um lado, um acto de conivência, preterdoloso, e, por outro lado, um aquirimento embrutecedor. Melhor proveito dá fazer uma perambulação por uma caterva de ‘autores’ que intentam discretear nas redes sociais ‒ é um fartote de boa-disposição. Do mal, o menos. Não é uma delícia ler um ‘autor’ escrever «não houveram…»,«Deixaram de haver...» e tantas outras de categoria similar?

14/12/2019

Os resguardados


Estes, considerando a inexistência de guerra, estado de calamidade natural ou climática, perseguição religiosa (a muçulmanos) ou discriminação étnica (a árabes ou sequer a marroquinos) na 'procedência', ter-se-ão resolvido por órfãos económicos (vítimas do globalismo, neo-liberal). Estarão, portanto, ‘prontos para adopção’.
Aguardo, politicamente, selfie com sua Excelência, o Presidente da República, professor doutor Marcelo Rebelo de Sousa; propagandisticamente, no âmbito de debate sobre matérias correlatas, 1 - convite da Fátinha do «Prós e Contras» e 2 – a pró-actividade da SIC Esperança, …

Sugestão para efeitos de inserção sócio-cultural podiam convidá-los a integrar ― alardeiam ar disso! ― o presépio-vivo de Priscos, de Torres Vedras ou de Óbidos.