19/12/2019

Crimes ambientais

Neste período de Festas, o mercado editorial, explode literalmente. Por razões que nada têm que ver com letras, ideias, pulsões literárias, literacia,… não estranha nem espanta. O facto percepcionado sem descer ao terreno ou seja, pegar-lhes, desfolhá-los, passar os olhos pelos panegíricos dos editores e/ou pelos prefácios encomiásticos encomendados a amigos maravilhados, é enganador ‒ a não ser que prevaleça a pseudo-cultural sugestão do “lede, lede qualquer coisa”. E se pretendemos um livro que faça jus à designação, a resposta é invariavelmente — “Não temos; temos de o pedir à editora. Quando chegar, contactá-lo-emos.” Uma apreciável percentagem das edições não são de livros; são de crimes ambientais. Levar uma coisa daquelas para casa é, por um lado, um acto de conivência, preterdoloso, e, por outro lado, um aquirimento embrutecedor. Melhor proveito dá fazer uma perambulação por uma caterva de ‘autores’ que intentam discretear nas redes sociais ‒ é um fartote de boa-disposição. Do mal, o menos. Não é uma delícia ler um ‘autor’ escrever «não houveram…»,«Deixaram de haver...» e tantas outras de categoria similar?