14/12/2019

A panca das petições



Decorre uma petição pela destituição do deputado Ferro Rodrigues da Presidência da Assembleia da República. À hora em que por lá passei, os ‘encanitados’ eram mais de dezassete mil. É manifesto que os peticionários não consultaram o clausulado da Constituição da República nem o Regimento da Assembleia da República; é manifesto porque, caso o houvessem feito, facilmente concluiriam pelas (suas) tristes figuras e, suponho, não fariam gala pública da sua cretinice ou pior, garotice.
Esta gente ‒ tal é a força do atavismo! ‒ nada enxerga além ou acima do foro paroquial ― como se assuntos destes fossem semelhantes às exigências de destituição de um presbítero qualquer por ter desembravecido a alma de uma obstinada ovelha ou cadela no cio.

13/12/2019

Condicionamento lexical


Opróbio deveria ser o sr. Ferro Rodrigues ser a segunda figura do Estado, mas não é. Não o sendo, tudo o que diga ou faça o deputado André Ventura não é vergonha. A vergonha não possui escalas, fasquias, níveis. O sr. Ferro Rodrigues, Eduardo Luís Barreto, merecia que o deputado André Ventura lhe respondesse que, em matéria de ausência de pudor, nutria pela ‘reprimenda’ feita o mesmo que o sr. Ferro Rodrigues nutriu e verbalizou em conversa telefónica com o sr. António Costa, há uns anos, ou seja: que "está cagando-se" para a noção de ignomínia/infâmia que o sr. Ferro Rodrigues possui. De resto do carácter, personalidade e por consequência do que é capaz pode colher-se melhor informação lendo o que do 'personagem' conta ― a desonra de um «anti-faxista» leia-se, de um «racha» ― o sr. dr. José António Barreiros no blog http://joseantoniobarreiros.blogspot.com/ (se não me equivoco, porque possui, ou possuiu, vários).
Realmente o descomedimento do sr. André Ventura só não colhe porque a vergonha para ser notada e por consequência verberada, precisa de não ser «norma». E não é o caso.

Quanto a tentações de condicionamento vocabular...No Pasarán! (Dolores Ibárruri).

12/12/2019

'Que pode de infausto recear-se?' *

A prestativa e diligente comunicação social chama-lhes «refugiados». Até prova em contrário, eu chamo-lhes «sapadores», «batedores», «exploradores».
Os que emborcam qualquer mixórdia que lhes apresentem, à frente, lembrar-se-ão que o 'pouco, repetido, faz muito'.

― • ―
'Lá vai mentindo - enquanto rende.
Sei muito bem - o seu objecto.
O que há-se ser
? - Algum projecto.' *

* Mefistófeles, 4800...4805

24/11/2019

Consagração


Hoje, 25 de Novembro, é uma data de regozijo. Com uma indelével ‘ressalva’ ― convém não esquecer que as decisões, e acções dos heróis do dia 25 de Novembro de 1975, foram tardias e imperfeitas.
‘Do mal, o menos’ escrevo hoje, grato. Foram imperfeitas porque foram transigentes em demasia; foram tardias porque há uma ‘vitória’ que, em segredo, os derrotados desse dia jamais deixarão de festejar - a «tarefa cumprida».
A «tarefa cumprida» foi a ‘descolonização’ do Otelo, do Corvacho, do Charais, do Pezarat, do Vítor Crespo, do Rosa Coutinho, do Carlos Fabião, do Dinis de Almeida, … ou seja, a descolonização do PC, do PRP/BR, dos GDUP´s, da OCMLP, LCI, PSR, … ou seja, a descolonização da Frelimo, do PAIGC, do MLSTP, da Fretilin, do MPLA, … ou seja a descolonização ambicionada pela URSS, e preconizada pelos «não-alinhados», em 1955, na Conferência de Bandung.
Em 25 de Novembro de 1975 estavam decorridos 14 dias sobre a vital e derradeira independência, Angola. Tarefa cumprida! E desafio sequente: a democratização dos 'restos' porque havíamos chegado a um 'momento de sobrevivência'.Os momentos de sobrevivência são 'momentos de poder'.

Hoje, é uma data de regozijo. Curvo-me em memória de Jaime Neves.

21/11/2019

Lições de Mestres

Não foram os doutos que deram a cara. Esses deixaram-se contagiar pelo ‘sarampo’ e, em nome das ideias novas, deixaram-se rapar. Os que salvaram Espanha foram os ignorantes, os que não sabiam ler nem escrever...O único papel decoroso foi representado pelo povo ignorante que um artista tão ignorante e genial como Goya simbolizou no homem ou fera que, braços abertos, peito saído, desafiando com os olhos, ruge diante das balas que o assediam.
Ángel Ganivet  in  Granada La bella