12/03/2022

Para una revisión de los modelos de resolución de conflictos

        En los análisis de los conflictos internacionales, especialmente los de las guerras, por útiles y necesarias que sean la evaluación de sus causas, de las responsabilidades de los países implicados y de otros factores que les conciernen, se puede omitir un problema básico, la inexistencia de un poder político superior que arbitre entre las partes, tal como lo es el Estado en cada país. A menudo parecería haberse impuesto una resignación ante el fracaso de las Naciones Unidas para cumplir ese papel y, consiguientemente, haberse abandonado la persecución de ese objetivo.
        Muchos conflictos armados, o la guerra actual entre Rusia y Ucrania, por ejemplo, son partes de ese problema mayor, del que depende la seguridad internacional en los próximos tiempos: el del control de la autoridad internacional que, de haberse considerado como destinada a ser ejercida por un organismo, la ONU, al finalizar la Segunda Guerra Mundial quedó de hecho en manos de un solo país –hoy diríamos tres–, con los enormes riesgos que ello implica. Un importante politólogo del siglo XX explicó el significado de esta omisión con palabras que merecen comentarse. Se trata de Norberto Bobbio que, en su Autobiografía, resumió el problema con suma claridad, recordando el fracaso de la Sociedad de las Naciones y de su sucesora, la Organización las Naciones Unidas. “Estamos en la situación – lamentaba Bobbio – de que el supremo poder internacional es ejercido por una de las partes y las Naciones Unidas aparecen totalmente desautorizadas, y por ende privadas de su razón de existir.
        Si se repasa la historia del surgimiento de los Estados nacionales se verá que tiene similitudes con la situación a la que nos enfrentamos, pero con resultado exitoso: la construcción de un poder central capaz de imponerse a los “poderes intermedios” –ciudades, provincias, corporaciones– cuyos conflictos comprometían el orden social. Independientemente de los diversos grados de consenso y de violencia que llevaron a la formación de cada uno de esos Estados, su legitimidad –esto es, la legitimidad de su “monopolio de la violencia”– es base del orden social interno, ese orden que no existe en el plano internacional y que reclama algún tipo de solución similar a la lograda en el plano interno de cada nación. De alguna manera, la apología de la democracia, concepto vinculado estrechamente al tipo de orden social de gran parte de los Estados occidentales, hace más aberrante el actual ejercicio del poder en lo internacional.
Escribía el politólogo Norberto Bobbio que “... en el proceso iniciado a finales del  XVIII para superar la soberanía del Estado nacional con una gradual intensificación de los acuerdos internacionales” se ha producido un retroceso en los últimos tiempos.

10/03/2022

As ovelhas de Panurgo

Ontem, certa comunicação social destacou as acusações de Pep Guardiola aos políticos do mundo ocidental quanto à invasão da Ucrânia; hoje num jornal e num canal de televisão são destacadas acusações de José Milhazes de semelhante índole – “a condenação da comunidade internacional à Rússia foi tardia e devia ter acontecido, em 2004, no início de uma série de acontecimentos que originaram o actual conflito”. 

Acusações ― todas e sem qualquer restrição ― que eu subscrevo. Acusações que são merecidas, não devem ser esquecidas, menos ainda poderão ser omitidas e, tombe o barco para onde tombar, jamais silenciadas. Existe, todavia, o sentido de oportunidade que, em ocasiões de grande tremideira, objectivamente servem os desígnios do inimigo. A ocasião para o ‘dedinho acusador’ não é este. Toda e qualquer brecha ― qualquer que seja a sua natureza e/ou âmbito ― é uma dádiva. É por isso que Panurgo * espera para levar a sua adiante. Neste como em quaisquer outros acontecimentos terá de haver consciência, por parte de quem profere sentenças, de que nada de essencial mudou. Até porque para se levar a elucubração ao ponto que deve ser levada a responsabilidade, depois de dever ser assacada aos políticos, não pode deixar nunca desresponsabilizar os respectivos rebanhos. No (nosso) mundo ‘livre’, as castas políticas são sufragadas livremente e ciclicamente – os próprios, os partidos que os sustentam, as propostas que fazem, …

Não é plausível que as ovelhas modifiquem a sua natureza e comportamento mas, mesmo assim, e, por mais que elas balam, não há forma de as isentar do selo de perpetradoras.

                                                                      ~ • ~

* Desconhecem?! Leiam François Rabelais. 
Panurgo, para se vingar de um desonesto vendedor de ovelhas, comprou-lhe uma e, em alto mar, atirou-a borda fora. Instintivamente o rebanho seguiu-a.

05/03/2022

A ‘sociopatia’ de Putin

Desde a transacta quinta-feira (03.03.2022), e recompostos da ‘concussão emotiva’ inicial, passou a constituir uma espécie de doutrina perceptiva ― chancelada pelos nossos doutos especialistas da geoestratégia, das relações internacionais e da diplomacia ― uma mais do que verosímil sociopatia de Putin. Que ‒ atrevo-me apreciar ‒ é mais comum do que parece no seio da elite russa, e que portam no bojo “desde” e “na” sequência do desabamento do Muro.

Dos intentos com que essa trupe de esclarecidos, à excepção de uns poucos ― naturalmente os menos requisitados (ou menos disponíveis?) ―, se propõe a divagações desse quilate é um desperdício, apreciá-los. O certo é que ― nesta matéria como noutras de magnitude, importância e consequências semelhantes ― omitem (em benefício próprio) o que fecham nas gavetas *.

No que concerne à sociopatia de Putin e/ou da quadrilha adicta, e sem mais delongas, deixo, para proveito de quem quiser, excertos (elucidativos) de um livro ― editado em 2012, e que o «Instituto de Altos Estudos em Geopolítica e Ciências Auxiliares» (IAEGCA) editou em português, em 2016 ― de um mentor. Conclua por si.
                                                                                 ~ • ~
* atitude que resulta por saberem que somos uma comunidade de calões que se satisfaz com o palpite harmónico, ou não satisfaz se o palpite é divergente. Consoante as afinidades.

01/03/2022

A populaça só serve para mijar para o pavimento?

A mais ansiada notícia, da guerra resultante da agressão e invasão da Federação Russa e Bielorrúsia à Ucrânia, é/são as que possuam referências a um eventual ― se efectivo, melhor ― «putsch» em Moscovo ou algo de natureza e objectivo similar; que contenha o germe da insurgência. Por isso, lamento ‒ dando crédito às notícias ‒ que, seis dias depois, os russos detidos pelas autoridades não cheguem à dezena de milhar.
"Quem não ousa olhar fixamente o governo é um fraco" escreveu Voltaire. Quantos mais cadáveres de russos e ucranianos valerão as vidas de Putin, LavrovGerasimov?



10/02/2022

E tudo porque,

sobre a ruína de tudo o resto, o que os movia era a 'memória', única, que estaria disponível no edifício. Mas, escreveu Carlo Levi, 'o futuro tem um coração muito antigo'.