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03/11/2020

Perpétuo Movimento

Hoje, na Ringstrasse, não há volteios valsados nem bailarinos a coreografar arabescos ‒ toca-se a severa «Rendition» de Gustav Mahler e tange-se a «Marcha Fúnebre» de Frédéric Chopin.

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Num dia de Junho de 1978, em Harvard, Aleksandr Solzhenitsyn disse, para quem o quis ouvir, «A world split apart»

“ (…) O declínio da coragem é a mais impressionante característica que um observador externo vê, hoje em dia, no ocidente. O mundo ocidental tem perdas de coragem cívica como um todo e, separadamente, em cada país, governo, partido político (…). Este declínio da coragem é particularmente perceptível nos ‘meios’ de decisão e nas elites intelectuais (…). Existem muitos indivíduos corajosos, mas não detêm uma influência determinante na vida pública. Políticos, funcionários e intelectuais exibem passividade e perplexidade nas acções, declarações e, ainda mais, nos raciocínios ‒ invariavelmente egoístas (…) ficam calados ou paralisados quando tem de lidar com governos poderosos e forças ameaçadoras, com agressores e terroristas internacionais (…) ”

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Estamos num tempo em que vale a ‘lição’ do barão de Rotschild

            ― “Quando vejo as ruas de Paris sujas de sangue, adquiro títulos franceses

A fase em que ‘o burguês entrega o dinheiro para salvar a pele’ porque, antes, ‘entregou o poder para salvar o dinheiro’ a fase em que se formam as «massas da arruaça» porque as matilhas acossadoras ainda carecem de uma mais forte percepção de perigo da parte das «massas da fuga».

“Os homens aprenderam com os lobos” - Elias Canetti

18/07/2020

O fundo do poço


Não é uma alegoria antes fosse! (e já não seria bom sinal)




De nós, à maneira de Hamlet, pertencendo ou não à ‘congregação’ e sem proselitismos, bem se pode exclamar

Pouco importa o que fizeram de nós; só importa aquilo que nós fizemos daquilo que fizeram de nós.”

Sobre os sinais da ‘plena Virtude’ industriou Chuang Tse

Os que expõem os seus excessos, porque entendem que eles não devem desaparecer, são muitos; os que não expõem os seus excessos, porque entendem que eles não devem sobreviver, são poucos.


O resgate é possível sereno, pacífico não será.


18/06/2020

Solenidade

E se, por acaso, passar por cá uma prova do Mundial de F1 é decretado feriado nacional e os serviços da República disponibilizam transportes públicos, gratuitos.
É isto um Presidente da República? É o que parece, mas não é - é um fâmulo em estado de veniaga.



18/05/2020

Et cetera

Contributo (singelo) para o «novo normal» (apregoado) que desejo, ardentemente, seja insusceptível a quaisquer réplicas desta presente, e pontificante, mole de amebas (societais).Só um pouquinho mais de exigência, um nadinha mais e, a maioria destes medíocres estatelavam-se, nas sarjetas, de borco!
Porque o presente «normal» confesso é, dia após dia, mais difícil de suportar.
Não é fácil sujeitar(mo)-me(nos) dias a fio, a ‘ouver’
―  De duas, uma: ou os ouço e fico a saber algo do que se passou e me tenha escapado ou, de todo em todo, não os ouço e, quando der por ela, o homem ‘saturnou’ e eu não sei —,
1 - um translumbrado da TVI, de sua graça José Alberto Carvalho, enfatizar, extasiado, que a representação gráfica ‘estava numa escala logarítmica’ sem jamais se ter preocupado com os milhões que têm a noção do que aquilo seria idêntica à que eu tenho da mecânica da «teoria das supercordas».
Carece explicar-se a justificação para a representação ser “logarítmica” ao invés de “linear”. Por conveniência política para que as linhas representativas, em vez de terem uma inclinação de 60 ou 70%, terem uma inclinação de 3 ou 5%!

2 - Não é fácil ler da autoria de outro perfeito tolo, enquanto epígrafe
— “Quanto mais nos aproximamos menos vemos, em perspectiva” —
como se se tratasse de uma máxima(!) da autoria de Albert Speer!
E esta? Albert Speer!
E Baptista Alberti e Brunelleschi foram os arquitectos da Torre de Londres, não?!
E «ponto de fuga» era o nome de código para «checkpoint Charlie», não?!
Suponho que a leitura * destes trechos lhes seria muito útil o bastante para nos aliviarem das carradas de vacuidades (sobre a peste-negra) mesclada pela enxúndia de cariz melodramático (do tipo “as-máscaras-escondem-os-sorrisos” ou “a-ausência-de-abraços-que-mata”,…) com que o Covid-19 moldará as nossas vidas e com que há dois meses para cá, de forma oral e por escrito, tem sido vazada para cima de nós.


* leitura, aliás, que só não é feita imediata e gratuitamente, porque há uma maioria (colossal) que, aquém serem brutos-tímidos ou brutos-atrevidos são, acima de todas as coisas, brutos com garbo calões.

12/04/2020

Uma gota de água vulnerária


Passam os dias, as semanas, entre notas relacionadas com a vida política e as que me interessam na maioria das vezes por inércia, e noutras por opção, permanecem como o ataúde de Maomé. É a vitória da prevalente sofística, que envelhece durante o dia para rejuvenescer na manhã seguinte, alimentada pelo sangue dos émulos que nela vão desembarcando. O critério é «a união dos muitos contra os poucos» o paraíso da dialéctica fácil, o éden da silogística, da inversão, da confusão e da mistificação; não é a inteligência, é a bruteza.
A sofística é, sempre foi, o atoleiro feraz da incultura; e a contemporânea organizada do modo que mais lhe convém ou seja, desorganizada [os palermas doutos em termodinâmica esfregam o ego, satisfeitos, designando-a «entrópica»] é a comunicação intelectualóide circunscrita a um sistema de trincheiras em que, cada vez mais, as hordas passeiam a sua suficiência pela «terra de ninguém».

É impensável lutar contra a sofística porque fazê-lo é disponibilizar-se para desfiar as meadas que Penélope enleou. O trágico — é o meu convencimento — é que uma pessoa inteligente não luta contra isso porque de duas, uma: ou colabora e entra no jogo, ou se prepara para a exoneração, voluntária. É o enésimo triunfo da sofística em relação aos transactos, o presente é irrestrito e amplíssimo.

Um dia destes para um amigo, em nota reservada, fiz minhas as palavras de Wittgenstein para Paul Engelmann (1925) — “Não me sinto bem, e não é porque me incomode a minha porcaria, mas é por estar no interior da porcaria.
É que fazer aterragens suportáveis no solo da factualidade exige que se apreendam as ‘coisas’ tal como elas são e se realizem os inevitáveis actos vitais sem afundar ainda mais na porcaria. É o preço a suportar por não ‘descer das áridas alturas da inteligência para os verdes vales da estupidez.é muito difícil e desmerece o ‘custo da oportunidade’.

Não há exemplo mais eloquente escrevo mesmo, magníloquo, do que a «rede social» chame-se ela Facebook, Twitter, Instagram, … Eis um de milhões brevíssimo exemplo, fresquinho, entre ‘um senhor que desconheço, comum, mas não parvo’ e uma individualidade ‘cabeça-de-cartaz, muito frequentado’
O comum — O socialismo acaba quando se acaba o dinheiro, e neste caso isso está prestes a acontecer.
Cabeça-de-cartaz — Isso é a sua perspectiva, naturalmente aplicável às sociedades capitalistas, que é o nosso caso!
O comum — Eu tenho um defeitoescrevo sempre a minha perspectiva.
[Obs.: Não pasme, a ‘cabeça-de-cartaz’ não ficou envergonhado; a opulenta e fecunda pulsão argumentativa não quedou por isso]