04/10/2023

O gerente do alcouce e outras considerações

Não resisti à tentação; e lá fui ouvir o desempenho do fruste habilidoso.
Sobejou pouco, sendo pouco o que está contido —, sem tirar ou acrescentar o que seja à(s) característica(s) do 'anunciador' e às do 'receptor' —, nas palavras de Basílio Teles n'O Estatuto dos Povos
o político que não é senão político (…) é apenas um aventureiro, um charlatão, o fabricante de mezinhas, o curandeiro dos males colectivos; irrompe em todos os recantos, agita o cartaz e a campainha, tripudia à solta impunemente, levando atrás de si uma turba alucinada, presa de aspirações elevadas e, mais frequentemente, cobiças e desejos."
Do «frustrado» até nisto o 'boneco' é hipócrita – 'gerente da casa' * sentenciou n'A Geada o 'maluquinho' Strauch de T. Bernhard
"A pessoa que pertence a um nome nunca deixa ficar mal esse nome. Há nomes que, quando os ouvimos, nos repugnam (...) Os nomes moldam as pessoas."

Em 1922, mutatis mutandisMusil escreveu n'A Europa impotente ou a viagem desgovernada – Fomos muitas coisas e não nos modificámos, vimos muito e nada percebemos". Eram felizes, foi o que se sabe, e deu no que deu.

A obra maior de Schopenhauer é «O mundo como vontade e representação»; foi vertida no dealbar dos séc. XIX. Os portugueses, em pleno séc. XXI, ainda andam em bolandas no deslindamento entre a «representação» que toma(ra)m como boa e o vigor e a «vontade» de que não dispõem.
As massas populares, só por elas, não têm nunca poder social criador; não são as massas que fazem a história e o progresso. Mas são as massas que produzem, selecionam e incrementam "os demagogos, os analfabetos e, frequentemente, os políticos demagogos que são analfabetos" (Pérez-Reverte). 

Parece-me que voltarei à 1ª forma, hibernação.

* do ar na casa e dos frequentadores, lede o texto de Octávio Ribeiro