Em dias consecutivos faleceram Luís Sepúlveda
e Rubem Fonseca. Ambos latino-americanos - um chileno, o outro brasileiro. O
chileno era vizinho e, a convite, visitava-nos muitas vezes; o brasileiro era
filho de portugueses ‒ daqueles trasmonteses
coitadinhos de antanho ‒ e é quanto basta.
E foi somente isso que determinou que, a comoção incontida, as gerberas e os crisântemos, fossem para ataviar a memória de Luis
Sepúlveda e os cardos, leia-se descaso, para ornar a de Rubem Fonseca.
É que Luis Sepúlveda
foi serviçal de S. Allende e, derrotado, jamais largou o esqueleto e o espectro,
e Rubem Fonseca foi apoiante ‒ ou não o verberou! ‒ do «Golpe de 64»; Luis Sepúlveda fugiu e fez,
da ‘evangelização’ bem comida e bem bebida, vida, e Rubem Fonseca contentou-se com
a sua brasilidade e as tortuosidades brasileiras.