28/03/2020

As fragâncias da inópia

Um político está sempre capaz de pronunciar qualquer estupidez e, no caso em apreço, Wopke Hoekstra, ministro das Finanças da Holanda, acrescentou-lhe um deplorável sentido de oportunidade. Realizo que, horas a ouvir jeremiadas de relapsos legitimados por moles ociosas e negligentes, serão provação pesada embora a esse tormento, se submete somente quem se voluntaria.

De facto são dois, os infortúnios: i) a ausência de jeito do dignitário holandês e ii) a inércia e o desperdício de tempo para, antes da eclosão da pandemia viral e da multíplice crise, fazer exigências quer aos parceiros quer aos organismos europeus.

Costa tomou as dores de Espanha e Itália; encanitou-se — Pudera! Chamamos egoísta a quem não se sacrifica ao nosso egoísmo; Como não?! Se os indivíduos tal como as nações têm virtudes distintas e defeitos idênticos mormente no que concerne ao património comum constituído pela sordície as nações portam-se com decência se as circunstâncias não permitirem outra coisa.
Quando, assim, não foi? Por que carga d’água teria de ser diferente, agora?
Atitude dissímil é que seria notícia. E, dependendo do intuito, quem esquissa ou alinhava as suas concepções com lirismo é cretino ou patife.

António Costa conseguiu com a inconsequente bravata — o que se conseguir dever-se-á, naturalmente, ao que a França, Itália e Espanha representam e ao(s) peso(s) específico(s) que possuem, e nunca à atrabílis do ‘primeiro-luso’— inflar os egos lusos, e pô-los a aclamá-lo.
É um arquétipo a diferença entre sobriedade analítica, a ponderação opinativa designadamente no El Pais, El Mundo, Expansion, assim como a contenção de Sanchez e Giuseppe Conti e os cheliques agastados do nosso ‘primeiro’!


Não obstante, a honestidade intelectual exige que se volte a questionar agora mais ponderosamente do que na designada ‘crise das dívidas soberanas’ em 2010
Para que serve a União Europeia, afinal?