12/09/2022

Um pequeno buraco afunda um grande barco

Há dias, fazendo zapping, apanhei o sr. Vieira da Silva a perorar. Uma autoridade! Apesar de não me ter suscitado interesse nem curiosidade bastante para o continuar a ouvir, ainda assim ouvi-o justificar — “a fórmula (cálculo das pensões) foi concebida para um cenário de inflação em redor dos 2%”. 
Nunca apanham pela frente quem, na hora, os confronte pelo menos com o adjectivo qualificativo mais do que merecido.
Com mais ou menos justificações de cálculo actuarial a dita fórmula, desajustada desde a concepção, foi uma trambiquice. O facto de determinadas ‘coisas’ serem feitas com absoluta cobertura legal não as transforma em algo menos do que vigarice.
Os elementos da fórmula matemática em que sempre têm falhado ‒ da direita à esquerda ‒ jamais foram as constantes, as incógnitas, os operadores ou sequer os símbolos lógicos; foram/são a ausência de honestidade e a falta de coragem. A isso acresce(u) a intencionalidade e a mundividência dos genitores, mais a imbecilidade da prole.
                                                                                      ***
Há cerca de trinta anos andou por cá uma seguradora de capitais americanos dedicada exclusivamente à venda de seguros (de vida) com capitalização. Uns campeões! O simulador e a cascata de fundamentos ‘garantiam’ uma taxa entre 8 e 10%.
                                                                                     ***
Nada de novo, portanto ‒ sejam os sujeitos alguém em nome da administração pública ou gabirus privados.

03/09/2022

Da estultificação em curso


         EE.UU. vive una era de cambios rápidos que desordena los campos establecidos sin producir nada nuevo. Goldberg comenta un libro que explica cómo la evolución cultural se vincula allí con el deseo de ascender en la escala social.

                Michelle Goldberg, ensayista y columnist/New York Times - 3 September 2022

En mayo, el crítico literario Christian Lorentzen publicó en la plataforma Substack un boletín sobre el aburrimiento.
Las películas de Hollywood son aburridas. La televisión es aburrida. La música pop es aburrida. El mundo del arte es aburrido. Broadway es aburrido. Los libros de las grandes editoriales son aburridos”, escribió.
Como yo también me he aburrido bastante, pagué cinco dólares para leer el artículo completo, pero no me convenció su conclusión, que atribuye la culpa del estancamiento artístico a la primacía del marketing. La aversión al riesgo de los conglomerados culturales no puede explicar por qué no surgen más cosas independientes interesantes. Yo tenía la esperanza de que, cuando el agujero negro de la presidencia de Donald Trump terminara, la energía redirigida permitiera un florecimiento cultural. Hasta ahora, eso no ha sucedido.
Una advertencia obvia: soy una madre blanca de mediana edad, así que cualquier cosa que sea verdaderamente genial ocurre, por definición, fuera de mi ámbito. Sin embargo, cuando voy a cafés donde hay gente joven, la música suele ser la misma que yo escuchaba cuando era joven o música que suena igual. Uno de los singles más exitosos del año es una canción de Kate Bush que salió en 1985. No se me ocurre ninguna novela o película reciente que haya provocado un debate apasionado. Las discusiones públicas sobre el arte – sobre la apropiación y la ofensa, por lo general – se han vuelto tediosas y repetitivas, casi mecánicas.
Los artículos escritos sobre la microescena levemente transgresora de Manhattan conocida como Dimes Square son en sí mismos una prueba de la sequía cultural; los cronistas del zeitgeist están desesperados por encontrar nuevo material.
    (Yo misma soy culpable de haber escrito un artículo de ese tipo.)
Mucha gente está buscando algo vivaz y nuevo y no lo encuentra.
La mejor explicación que he leído sobre nuestro actual malestar cultural aparece al final del libro de W. David Marx, Status and Culture: How Our Desire for Social Rank Creates Taste, Identity, Art, Fashion, and Constant Change (Estatus y cultura: Cómo nuestro deseo de nivel social crea el gusto, la identidad, el arte, la moda y el cambio constante), un libro que no es nada aburrido y que modificó sutilmente mi forma de ver el mundo.

26/08/2022

Uma coisa leva à outra,

e ambas concorrem para este meio paludoso. É idiossincrático. Naturalmente, acrescento. 
O que explica esta e muitas outras “ondas” que às arrecuas de quaisquer comportamentos lógicos e, sobretudo, em conjunturas tão exigentes como a presente, é a arraigada e voluntária indisponibilidade para centrifugarem a alteridade que os fascina da ipseidade que odeiam. 
Coisa’ para psicólogos, psiquiatras e/ou psicanalistas!
Sobre isso escreveram — referindo apenas dois ‘endeusados’ intelectuais portugueses e por serem tão profusa e cretinamente citados (uns que os citam, parcialmente, por pura e óbvia ignorância e mandriice, e, outros por exercícios de proselitismo) — Eduardo Lourenço e Fernando Pessoa.
Eduardo Lourenço em várias passagens do «Labirinto da Saudade» comummente ‘obliteradas’ das citações e Fernando Pessoa numa série de pequenos textos sobre «provincianismo», «atavismo», etc…igualmente atiradas para canto. Sempre por serem reflexos de que não gostamos, no espelho …mais ou menos quando o espelho, como na anedota, lhes retruca: Cala-te que o teu passado é triste”.
Em Portugal, os portugueses ‒ bons ‘iconoclastas’ que são ‒ nunca confrontam os ‘deuses’; ou seja, não lhes aferem os méritos porque, se por outra razão não fôr, é uma forma esperta de inviabilizar, postergar ou procrastinar a exposição do(s) seu(s) próprios e intransmissíveis demérito(s). Daí o horror às comparações, daí a atracção pela imitação, daí a prevalência do pechisbeque.

Não chega a directora

Joana Petiz, sub-directora do DN, a meu ver tem sido certeira e, mais do que isso, implacável. Bem haja! Não a conheço de lado algum, mas aprecio e estimo os textos que, pelo facto de serem editoriais, suponho, deveriam vincular a direcção do jornal. Tenho francas dúvidas que assim seja. Isto para dizer o quê? Para dizer que Joana Petiz, em cada editorial que escreve, assina e edita, desce um degrau da escada que a podia levar a directora - ou chegará, mas noutra 'encarnação'.



25/08/2022

Surpresa!

Os vossos socialistas são cá uns neoliberais!