07/03/2023

O homem do papiro, 'vítima' da mornose sem o saber

As sobras de um poeta, um macambúzio ou um lírico deparando-se com problemas existenciais (e o papiro é que levou com ele) de há quási quatro milénios.
Está bom de ver que, no essencial, a evolução humana foi extraordinária; a resolução ou, melhor, tentativa de conciliação de certo tipo de antinomias ou antagonismos, idem. Ou isso ou eu nasci uns milénios cedo demais.
Não estou descontente nem desiludido ― desconfortável, sim, mas por motivos bem mais hodiernos ― porque nunca estive disponível (enfim, nunca vivenciei sobressaltos dessa índole) para movimentos, ‘manifestos’, desígnios do tipo «santo Graal», «a arca da Aliança»,…, ou integrei congregações de carácter religioso do tipo «o homem novo», «somos todos iguais», «fim à exploração do homem …», …
Tanto caminho feito para se chegar a este inferno do idêntico, a esta sociedade do «gosto» em que é mais linguagem o silêncio do que o ruido da comunicação, e as relações são conexões. Vida boa, vida linda, vida vivida foi a de Fernand Fournier-Aubry, D. Fernando *, que a viveu escravo de si e sem óculos de realidade virtual.
Platão, se fosse vivo, ufanar-se-ia a ver-nos, felizes, a entrar, sem regresso, para a caverna

I always walked by the bank, thought about my head and hate that to whistle my ears.