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19/12/2019

Crimes ambientais

Neste período de Festas, o mercado editorial, explode literalmente. Por razões que nada têm que ver com letras, ideias, pulsões literárias, literacia,… não estranha nem espanta. O facto percepcionado sem descer ao terreno ou seja, pegar-lhes, desfolhá-los, passar os olhos pelos panegíricos dos editores e/ou pelos prefácios encomiásticos encomendados a amigos maravilhados, é enganador ‒ a não ser que prevaleça a pseudo-cultural sugestão do “lede, lede qualquer coisa”. E se pretendemos um livro que faça jus à designação, a resposta é invariavelmente — “Não temos; temos de o pedir à editora. Quando chegar, contactá-lo-emos.” Uma apreciável percentagem das edições não são de livros; são de crimes ambientais. Levar uma coisa daquelas para casa é, por um lado, um acto de conivência, preterdoloso, e, por outro lado, um aquirimento embrutecedor. Melhor proveito dá fazer uma perambulação por uma caterva de ‘autores’ que intentam discretear nas redes sociais ‒ é um fartote de boa-disposição. Do mal, o menos. Não é uma delícia ler um ‘autor’ escrever «não houveram…»,«Deixaram de haver...» e tantas outras de categoria similar?

22/10/2019

Alternativa fiável à «máquina excretora»

A máquina excretora de prelecções ‘analíticas’ está em pleno com a composição ― em qualidade, género e número ― do novo governo.

Era mais eficaz, e muito mais instrutivo − dava de comer a menos gente, porém   aconselhar ‘apedeutas’ e ‘neófitos’ [desobrigando-os simultaneamente do ‘estudo’ (uma penitência!) de Foucault - Microfísica do Poder, P. Bordieu – Sobre o estado, etc…] a lerem todo o capítulo – A Matilha e, do capítulo As entranhas do Poder, o sub-capítulo − Sobre a psicologia do acto de comer do «Massa e Poder» de Elias Canetti (escrito em 1960, editado em Espanha em 1981 e, segundo sei, publicado em Portugal apenas em 2014), e que me parece não foi erodido pelo tempo nem pela «evolução».
Não está lá tudo, mas está muitíssimo do que realmente interessa.

15/08/2019

Da nominata do meu Glossário


Boudoir

No dia 29 de Outubro de 1946, cinco homens reúnem-se na casa de André Malraux, em Paris, perto do Bois de Bologne. São eles o próprio Malraux, o húngaro Arthur Koestler, célebre pelo seu romance «O Zero e o Infinito», Manés Sperber, escritor e psicólogo judeu, amigo de Koestler, Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
O motivo é a preocupação, comum, com a situação política – os EUA venceram a guerra e possuem a bomba atómica; a URSS de Estaline está prestes a possuí-la, e os direitos humanos têm de ser defendidos por todo o lado.
Os intelectuais devem, têm a obrigação de tomar a iniciativa. Em França, a Liga dos Direitos Humanos está demasiado ligada ao Partido Comunista Francês e este enfeudado à União Soviética.
Não será de criar uma organização de Direitos Humanos com um âmbito internacional, nova, e mais independente?

Galeria

Arthur Koestler, inicia o debate
«É essencial que seja formado um código mínimo de moral política. E nós, intelectuais, temos de deixar de propor todo o género de argumentos capciosos. Recentemente disse a um entrevistador que, pelas mesmas razões, odiava tanto o estalinismo quanto o nazismo. Nós, escritores, traímos a História quando não apresentamos queixas quando deveriam ser apresentadas. …seremos condenados por conspiração de silêncio.»
Malraux, que à semelhança de Camus envergara esse traje, define a sua posição
– Há que fazer, apoiar, qualquer coisa,…organizações que nada tenham a ver com indivíduos que crêem na ‘verdade’ do «proletariado».
Camus, interpela-os
«Não acham que somos todos responsáveis pela falta de valores
E aduz
«Nós, que vimos do pensamento de Nietzsche, do niilismo ou do materialismo histórico, se declarássemos abertamente que estávamos errados, que os valores morais existem e que doravante faremos o necessário para os clarificar e estabelecer, não acham que seria o princípio de alguma esperança


Andrajo intelectual/canalha/’coisa’ abjecta –Jean-Paul Sartre 

«Pensei um pouco na questão. A ‘vossa’ organização acabará por se virar contra os comunistas franceses, e não posso, nem o farei, abandonar os que protegem os interesses dos oprimidos. Não posso virar os meus valores morais exclusivamente contra a URSS, embora seja verdade a deportação de milhões de pessoas.»