Neste período de Festas, o mercado editorial, explode literalmente. Por razões que nada têm que ver com letras, ideias, pulsões literárias, literacia,… não estranha nem espanta. O facto percepcionado sem descer ao terreno ou seja, pegar-lhes, desfolhá-los, passar os olhos pelos panegíricos dos editores e/ou pelos prefácios encomiásticos encomendados a amigos maravilhados, é enganador ‒ a não ser que prevaleça a pseudo-cultural sugestão do “lede, lede qualquer coisa”. E se pretendemos um livro que faça jus à designação, a resposta é invariavelmente — “Não temos; temos de o pedir à editora. Quando chegar, contactá-lo-emos.” Uma apreciável percentagem das edições não são de livros; são de crimes ambientais. Levar uma coisa daquelas para casa é, por um lado, um acto de conivência, preterdoloso, e, por outro lado, um aquirimento embrutecedor. Melhor proveito dá fazer uma perambulação por uma caterva de ‘autores’ que intentam discretear nas redes sociais ‒ é um fartote de boa-disposição. Do mal, o menos. Não é uma delícia ler um ‘autor’ escrever «não houveram…»,«Deixaram de haver...» e tantas outras de categoria similar?
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19/12/2019
22/10/2019
Alternativa fiável à «máquina excretora»
A máquina excretora de prelecções ‘analíticas’ está em pleno com a composição ― em qualidade, género e número ― do novo governo.
Era mais eficaz, e muito mais instrutivo − dava de comer a menos gente, porém − aconselhar ‘apedeutas’ e ‘neófitos’ [desobrigando-os simultaneamente do ‘estudo’ (uma penitência!) de Foucault - Microfísica do Poder, P. Bordieu – Sobre o estado, etc…] a lerem todo o capítulo – A Matilha e, do capítulo As entranhas do Poder, o sub-capítulo − Sobre a psicologia do acto de comer do «Massa e Poder» de Elias Canetti (escrito em 1960, editado em Espanha em 1981 e, segundo sei, publicado em Portugal apenas em 2014), e que me parece não foi erodido pelo tempo nem pela «evolução».
Era mais eficaz, e muito mais instrutivo − dava de comer a menos gente, porém − aconselhar ‘apedeutas’ e ‘neófitos’ [desobrigando-os simultaneamente do ‘estudo’ (uma penitência!) de Foucault - Microfísica do Poder, P. Bordieu – Sobre o estado, etc…] a lerem todo o capítulo – A Matilha e, do capítulo As entranhas do Poder, o sub-capítulo − Sobre a psicologia do acto de comer do «Massa e Poder» de Elias Canetti (escrito em 1960, editado em Espanha em 1981 e, segundo sei, publicado em Portugal apenas em 2014), e que me parece não foi erodido pelo tempo nem pela «evolução».
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
15/08/2019
Da nominata do meu Glossário
— Boudoir ―
No dia 29 de Outubro de 1946, cinco homens reúnem-se na casa de André Malraux, em Paris, perto do Bois de Bologne. São eles o próprio
Malraux, o húngaro Arthur Koestler, célebre pelo seu romance «O Zero e o Infinito», Manés Sperber, escritor
e psicólogo judeu, amigo de Koestler, Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
O motivo é a preocupação,
comum, com a situação política – os EUA venceram a guerra e possuem a bomba
atómica; a URSS de Estaline está prestes a possuí-la, e os direitos humanos têm
de ser defendidos por todo o lado.
Os intelectuais devem, têm a
obrigação de tomar a iniciativa. Em França, a Liga dos Direitos Humanos está demasiado
ligada ao Partido Comunista Francês e este enfeudado à União Soviética.
Não será de criar uma
organização de Direitos Humanos com um âmbito internacional, nova, e mais independente?
— Galeria ―
•Arthur Koestler, inicia o debate
«É essencial que seja formado um código mínimo
de moral política. E nós, intelectuais, temos de deixar de propor todo o género
de argumentos capciosos. Recentemente disse a um entrevistador que, pelas
mesmas razões, odiava tanto o estalinismo quanto o nazismo. Nós, escritores, traímos a História quando
não apresentamos queixas quando deveriam ser apresentadas. …seremos condenados por conspiração de
silêncio.»
•Malraux, que à semelhança de Camus envergara esse traje, define
a sua posição
– Há que fazer, apoiar,
qualquer coisa,…organizações que nada tenham a ver com indivíduos que crêem na ‘verdade’
do «proletariado».
•Camus, interpela-os
«Não acham que somos todos responsáveis pela
falta de valores?»
E aduz
«Nós, que vimos do pensamento de
Nietzsche, do niilismo ou do materialismo
histórico, se declarássemos abertamente que estávamos errados, que os valores
morais existem e que doravante faremos o necessário para os clarificar e
estabelecer, não acham que seria o princípio de alguma esperança?»
•Andrajo intelectual/canalha/’coisa’
abjecta –Jean-Paul Sartre
«Pensei um pouco na questão. A ‘vossa’
organização acabará por se virar contra os comunistas franceses, e não posso,
nem o farei, abandonar os que protegem os interesses dos oprimidos. Não posso
virar os meus valores morais exclusivamente contra a URSS, embora seja verdade
a deportação de milhões de pessoas.»
Escrito/Editado por
David R. Oliveira
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