Estava
eu a ler, a sorver e a anotar uma série de passagens
conforme as suas importâncias relativas ou absolutas, do verde para
o vermelho,
página anterior folha
à frente, o livro «The Civilization of Illiteracy»,
de Mihai Nadin, aonde
se lêem afirmações
“The
first irony of any publication on illiteracy is that it is
inaccessible to those who are the very subject of the concern of
literacy partisans. Indeed, the majority of the millions active on
the Internet read at most a 3-sentence short paragraph”,
e
por aí vai, quando
dou
com uma entrevista da professora Inês Lynce, professora
do
INESC-ID
(Instituto
de Engenharia de Sistema de Computadores do Instituto Superior
Técnico),
a
quem a
revista
prestou um mau serviço. Pela
razão
lhana, porém essencial, depois de tanta ‘coisa’ cuja
compreensão e importância são
vitais,
se
limitar a destacar
“A
ideia da ‘matéria dada’ tem de desaparecer. Existe uma
bibliografia, dizemos qual é a matéria, podem existir umas aulas,
sobretudo motivacionais, para que os alunos fiquem com vontade de
saber, mas cada vez mais eles vão aprender sozinhos”
Chego a especular se não há nestes detalhes quase incompreensíveis para o comum dos leitores intencionalidade leia-se, má-fé, ou se é somente impreparação técnica e/ou científica da parte de quem resolve meter-se a ceifar trigo com uma sachola. É que a senhora também diz e o destaque é nenhum, por exemplo,
- “em termos de comunicação e divulgação há muito trabalho a fazer. Não só na questão da Inteligência Artificial, mas na cultura científica em geral. É preciso saber transmitir informação às pessoas. Penso que, nas gerações mais novas, esta questão já está a mudar (…) vejo pessoas de grande craveira científica a ir às escolas, para falar com os miúdos. Temos de nos esforçar, temos de desmistificar.”,
- “na investigação é preciso muita persistência (…) por ser um trabalho muito dependente da aceitação dos pares, do processo de publicação científica (…) o ambiente onde se está é importantíssimo”,
- “Não vejo mal que se pergunte a um chatbot que perguntas é que se fazem numa entrevista de emprego. Não vejo mal, desde que depois a pessoa tenha sentido crítico e dali possa fazer alguma triagem”, …
O
resultado prático é que a maioria dos que adquirem a
revista se ficam pelo
destaque que encima a longa entrevista, e são enganados; e dos que a
lêem de princípio a fim para lobrigar as camadas interiores
estarão capacitados para
discutir e arguir em abono ou
desaprovação com fundamento. São a minoria e, em tese, não
carecem de esclarecimento.
Na
prática ―,
foi o meu caso ―,
antes de passar à leitura, ‘perguntei’
―
Em que mundo vive esta
criatura?!
E foi a minha
curiosidade em vislumbrar o mundo em que vivia a senhora (a
academia não se queixa da falta de idiotas supinamente intruídos)
que me levou ao resto. Ainda bem.