28/09/2021

Não é incompetência; é falta de vergonha

Não irei enfronhar-me despropositamente pelos meandros da Estatística e do cálculo probabilístico ‒ de forma prosaica e coloquial porque, para a média dos meus concidadãos (não é defeito), a estatística pouco vai além da média aritmética – simples, e, um quartil será sinónimo de quadril e bootstrap (método de reamostragem) é um corpo celeste.
Mais um pleito eleitoral e, mais uma vez, as empresas de sondagens voltam a ficar com a credibilidade em causa. É bem feito! Não sejam videirinhos, cobardes e reajam.

São mercenários e, antes de qualquer outra coisa, prestam os melhores serviços a quem paga”, testemunham uns. Ora, quem lhes paga é a comunicação social ou os partidos, eles mesmos. E, assim sendo, errar uma vez por o tempo estar muito nublado é um risco que pode ser programado sem que daí advenha dano de reputação – não admira porque, em múltiplos âmbitos da sociedade, o método tem sido o de ‘se é difícil ou impossível drenar o pântano então mantenhamos incólume a natureza’ (atente que é por causa destas situações que muito se alude à contextualização – justificativa, apenas). Mas, se nenhum dos casos os satisfaz, então, tenho de recomendar aos especialistas que apurem/ajustem/aprimorem a «Estimação de Parâmetros».
Na medida em que não acredito na incompetência técnico-científica dos estatísticos, os erros clamorosos só podem radicar no interesse particular do órgão de comunicação social ou nos universos das amostras/painéis. Como? a comunicação social trabalha os dados conforme as suas preferências crendo na boa-fé e ‘ignorância’ dos leitores e/ou ‒ os ‘inquiridos’ mentem.

— Para o caso deixo os seguintes exemplos
•Arroios – 3 sondagens (Aximage, CESOP e GFK Metris)
A Aximage, em 28.8.2021, reportou algo que a redacção do Jornal de Notícias noticiou assim ― “Os presidentes das juntas de freguesia de Lisboa estão melhor cotados do que o presidente de Câmara. Se Medina consegue 42% de avaliações positivas, os líderes das juntas acumulam, em média, 49%. (…) apenas 21% dos lisboetas se mostram descontentes. (…) há 10% de fregueses que nem sequer se sente capaz de fazer uma avaliação. Onde os presidentes de Junta têm menor popularidade é nos grupos de freguesias do Parque das Nações/Olivais e da Penha de França /Arroios (todas socialistas). O saldo continua a ser positivo (14 e 15 pontos, respectivamente) (…) É também nestes dois grupos que há mais gente a fazer uma avaliação negativa dos autarcas (28% e 27%).
Isto é redacção de quem é isento e pretende esclarecer? Não é!

•o Públic(uzinh)


•Um semanário de Góis induzia
 

Já que a resposta/denúncia (há muito merecida) é, de todo, improvável que venha dos leitores então deveria ser dada/negociada nos contratos pelas ‘casas das sondagens’ – por exemplo, o texto do órgão de comunicação social terá de obter prévia concordância da parte do ‘prestador do serviço’.
 
— A segunda hipótese 
② é a de os ‘sondados’ mentirem. É tão só uma intuição ‒ e, acrescento, em circunstâncias sócio-políticas muito particulares (daquelas em que as 'maiorias silenciosas' inopinadamente encolhem).
São precisos muitos? Não! Num universo de 600 inquiridos se 30 mentirem, em tese, o resultado será adulterado em 5%. Tanto pode ser ‘catastrófico’ como quase não se notar. Depende, pelo menos, de margem de confiança.


É com imensa satisfação que registo a opinião de Eduardo Cintra Torres que, digo, é uma 'ratificação' ao meu post