23/07/2022

É mesmo de quem nada tem para fazer *

O capeta é tramado

              Em 2012 foi profusamente usada, e glosada uma ‘saída’ de Fernando Ulrich, presidente do BPI, — Ai aguenta, aguenta! — sobre a capacidade que os portugueses teriam, ou não, de aguentar a austeridade (o diabo) necessária para cumprir os quesitos da «troika». Era isso ou ‘a EU foi um lindo sonho’. O homem estava carregado de razão. Facto é que aguentou.
Uma década depois, por mavioso que seja o patois político e melhores que sejam as percepções do povaréu, a realidade é que a situação de Portugal estruturalmente (esta e óbvio/obviamente já não as posso ouvir!) piorou. E a conjuntura internacional desajuda. Calhou aparecerem dois cisnes negros – a epidemia e os desejos do Kremlin. Há outros a caminho, mas o vôo ainda é untraceable para o comum dos mortais — são de 5ª geração, furtivos.
Uma década depois, e uma mão cheia de reversões, facto é que o ‘diabo’ não foi esconjurado. Mascarou-se de inflação ― é uma forma mais insidiosa; mais democrática por consequência. Apanha todos a eito, e, dependendo da real intenção e habilidades da súcia que governa, permite que ineptos pareçam talentos.
As responsabilidades da camarilha fascista do Kremlin e a obsessão dos ucranianos com a nacionalidade — que mania! ― é o que menos (me) importa porque a refrega (apenas) funcionou como catalisador ‒ similar à falência do Lehman Brothers no desencadear da crise financeira que, por sua vez, nos apanhou com as calças no fundo das pernas.

Não há bela sem senão 

              Fiquei/ficámos a saber que António Costa lê romances - 
tout court. Muito bem.
Mas cheira-me que, ao ‘bibliófilo’, 1 - não chegou a língua para dizer «ficção» além de que 2 - o apurado estilo da sua prosa, a sua aprimorada oratória e  o seu fino recorte retórico indiciam, pelo menos, i) descuido com a qualidade dos tradutores/traduções ou ii) terá de ler muitíssimo mais para lograr expressar-se melhor.
Nem todos os livros são boa companhia, nem todas as leituras são enriquecedoras.


* o post

16/07/2022

Deu-se mal: levou uma surra de criar bicho

O senhor Jürgen Habermas, filósofo, é uma daquelas criaturas que, em vida, soube garantir ― por conhecimento e ainda mais arte  aquele estatuto com o qual profira ele o que proferir, e por maior que seja o disparate, sempre será muito apreciado e os erros  sejam eles óbvios ou subtis ser-lhe-ão relevados. A indulgência é esperta e não é cega. 
Henry Miller 'instigado' pela obra e vida de Rimbaud legou-nos «O tempo dos assassinos» que bem pode(ia) ter sido inspiração para outro da mesma classe, Rob Riemen - «O eterno retorno do fascismo». O que sucede é que, antes de qualquer espécie de retorno, o que há é "a sociedade não é mais do que um agregado de irremediáveis palermas, de patifes, de gente má " e, assim sendo, no presente como nas décadas de Miller, no tempo de Rimbaud, etc... há épocas em que os avisos dados por palavras nos deixam de comover, e o que é producente são os actos carregados de significado.
Retomando o fio à meada o sr. Jürgen Habermas escreveu




15/07/2022

Se não é competência, é o quê?

Zás! À primeira. Como diz(ia) um nosso 'filósofo' - "sem espinhas".
E não me venham com as costumeiras tretas sobre a incompetência da alta administração pública. Há assuntos em que o mundo tem muito a aprender connosco (sul-americanos e africanos incluídos)