25/04/2020

O alter-ego luso de cravo na lapela


Tomei conhecimento pelos sites dos jornais que o presidente da Assembleia da República disse, na mesureira cerimónia de 25 de Abril, que "Portugal e os portugueses estão vacinados contra a austeridade".

Seria bom que ‘prosódias’ deste calibre fossem proferidas por quem não porfiasse na dissimulação de quatro 'ameaças' de bancarrota em menos de meio-século três da exclusiva responsabilidade dos portugueses porque, nos precisos termos do proferido pelo Presidente da República na mesma cerimónia, “os portugueses não compreendem desencontros com o parlamento” — superadas com o dinheiro dos outros

a primeira com o dinheiro do capitalismo americano;
• a segunda com o ‘subordinado’ dinheiro do austeritário FMI, a que Mário Soares pirangou a esmola;
• a terceira com o ‘subordinado’ dinheiro dos avaros do norte da Europa e dos usurários do FMI a que José Sócrates e o comparsa Teixeira dos Santos rogaram «caução» pouco mais de uma década depois de terem chegado a Portugal ‘incondicionais’ centenas de milhões de dólares, marcos, francos franceses, florins, ... de poupanças dos sovinas do norte da Europa na forma de «fundos de coesão», etc.

Quando se propõe o vulgo em ser, apenas, o que é? E quando se propõem os ‘mandatados’ a ‘deixar de vestir as calças dos outros’?!

19/04/2020

Rudimentos algébricos do termo

'O fim das ilusões' é parte do nome de um livro de Joaquim Aguiar e, à parte isso, não se trata de um trocadilho. Uma - as ilusões do fim - e a outra - o fim das ilusões - estão natural e irremediavelmente interligadas, mas não são o mesmo. Quanto muito, e não dependendo da perspectiva, se uma é um domínio, a outra será o contra-domínio *.
De forma inopinada e fragorosa revelou-se uma indeterminação de que se conhecem parte das consequências e, é consabida, a inexistência de «interferão». Estes dias de repercussão virótica são, para a Europa da União e sobremaneira para Portugal, o ponto de indeterminação que conforma a descontinuidade.

Quem gere ‘as ilusões do fim’ determina que a regra, a ordem é a de formar o quadrado a fim de circunscrever, de preferência para dissimular o ‘fim das ilusões’. A pundonorosa defesa da parafernália simbólica de que é exemplo (impassível e mau) o ridículo finca-pé com a cerimónia comemorativa do 25 de Abril na AR — “o 25 de Abril tem de ser e vai ser celebrado na AR”, o presidente da AR — é um estertor, uma reacção agónica.
O problema (deles) é não terem percebido  que, as respostas a contextos e narrativas românticas, hoje, não são o que foram. Já não há heróis de Iwo Jima nem voluntários para formar ‘brigadas ligeiras’ ou para ‘morrerem calçados’ e, no que estritamente nos respeita, episódios e narrativas do tipo ‘a corda ao pescoço de Egas Moniz’, a demanda pelas barbas de D. João de Castro, … não colhem.

Alexandre Koyré escreveu que ‘a mentira moderna’, em contextos destes, ‘é produzida em massa e dirige-se à massa. Ora toda a produção de massa, sobretudo a intelectual, destinada à massa é obrigada a baixar os seus padrões.’
É com este filtro, de entre outros, que devem ser lidas um sem-número de tarouquices não digeríveis por seres providos de mínimos, tais como
“o combate aos que promovem petições com números sem credibilidade nem controlo e a defesa da democracia constituem valores fundamentais
disse Ferro Rodrigues logo coadjuvado pelo bardo do sistema, Manuel Alegre, por outros meios [uma «petição»!] embora de forma dissonante.


* rudimentos que consentem a compreensão a qualquer literatelho em álgebra