A
noite transacta foi a tal — a do combate entre dois notáveis cíclopes.
Não
é por caso que os denomino por cíclopes em vez de titãs ou simplesmente gigantes — no
nosso meio, gigante tem de ser referido sempre entre aspas e, para ser um
afortunado, não carece de um segundo olho que lhe garanta a estereopsia, quer
dizer, que lhes propicie perscrutar em profundidade; no nosso meio, o que vá
além da bidimensionalidade entra sem tergiversações no domínio da complexidade
que, amiúde, é apenas e só para predestinados, sobredotados ou
ornados.
espécime tipo |
Facto é que, primeiro, não assisti à contenda ‒ nenhum deles possui o que seja do meu interesse; segundo, optei por entrar somente para assistir às prelecções dos exegetas, hermeneutas, especialistas em linguagem corporal, politólogos,… enfim do melhor que há, do seio da geração predecessora à «geração mais bem» (devia ser «melhor», mas …) «preparada de sempre» mesclada de alguns preeminentes dos «mais bem», convidados pelo canal de televisão.
Foi-me ofertada a
ocasião de presenciar o que, para mim, sem apelo nem agravo, justifica o
parágrafo anterior.
Sondagem
CNN
57% dos portugueses
consideram a TAP importante desde que não tenham de a pagar
Esta inferência contém um mundo! Adjectivar
a inferência com menos do que extraordinária é uma concessão à estupidez, ou
melhor, à cretinice por mais legítima e vulgar que esta seja – é que o estúpido
não tem de ser cretino, mas o cretino é inapelavelmente um estúpido ciente,
galhardo e brioso.
Escuso-me
a lucubrar, sequer a conjecturar, quer sobre a inferência quer sobre quaisquer
das premissas porque isso, sim, seria pretexto para um tratado a que não me
afoito.
Este
blog nasceu sob a epígrafe
“A
prezada erudição tem seus termos, e mais se deve usar para discorrer e inventar
novas coisas que para acomodar ao nosso propósito as que já estão ditas”
de
D. Francisco Manuel de Melo, e assim fenecerá. D.
Francisco Manuel de Melo vive!