Mais
do que louvaminhas, há que fazer por merecer. Fazer por merecer é dar o
destaque ao que do seu labor intelectual e reflexivo se deve reter para deixar(mos)
de ser o que (fomos) somos e que sendo intrínseco, idiossincrático, sempre contribuiu
para contínuos malogros; mais do que ‘numa luta surda, mas tenaz e
incoercível’ cerzir(mos) êxitos.
Não se trata de carpir(mos) e sim de ser(mos) consequente(s) ou seja, inteligente(s). Não se trata de cantar eventuais e transactas glórias, mas verberar passados e presentes falhanços colectivos. Dispensam-se loas a alguns dos momentos maiores da sua extensa obra ‒ «O labirinto da saudade» e «O esplendor do caos». E é o momento de reter o que a intelectualidade caseira, e a patuleia por maioria de razão, sempre fez por esconder, encobrir, disfarçar, mascarar até ‒ se para coisa diversa não fôr que sirva ao menos para, como escreveu, lograr(mos) “fugir dessa imagem reles de nós mesmos”.
Perpassam na minha mente o capítulo «Somos um povo de pobres com mentalidade de ricos» em concreto os sub-capítulos i) O trabalho para o preto, ii) O tradicional grito de «pouca sorte», iii) O aparato e a aparência e iv) Portugal, uma mina para Freud… e «Do intolerável» (de uma intervenção num colóquio organizado pela Fundação Marquês de Pombal em Outubro de 1996).
Reconhecido.