20/08/2022

Partir o espelho não é solução,

não se olhar nele também não; e virá-lo ao contrário idem, aspas, aspas.

             Já houve um tempo em que os próprios, «eles», à parte a função desempenhada e/ou relevância social, se exasperavam com o referente; e do portfolio argumentativo sacavam sempre do trivial ‒ a abusiva/excessiva/errada generalização (presentemente é populista). Não erravam; simplesmente e para os efeitos convenientes postergavam, passavam uma esponja sobre as características da alegoria – era-lhes reservado o direito de uso.

«Eles» são, hoje —, aqui e em qualquer outro lugar ― quem sempre foram: uma porção de «nós», quaisquer que sejam as circunstâncias. Inferir isto é desolador, mas há pior. O pior é devastador; o pior é concluir definitivamente que, por mais rendilhadas que sejam as explicações, o que produzimos é ‘isto’. Ou melhor: o que produzimos de bom [e produzimos!] não é suficiente para, em termos sociopolíticos, suster primeiro e, depois, inverter a socórdia prevalecente.

06/08/2022

Lá está a abelha dizendo à mosca que ... Não adianta!

Nuno Palma (dr.) ao semanário Nascer do Sol, hoje, sem as formas cediças de linguagem próprias de uma carreira ou do tempo, em sentido contrário ao das reputações.
"O português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade da indolência a qualquer estado ou condição. Capaz de heroísmo, capaz de cobardia, toiro ou burro, leão ou porco, segundo o governante. Ruge com Passos Manuel, grunhe com D. João VI. É de raça, é de natureza. Foi sempre o mesmo"
"A verdade", dessumiu Karl Kraus, "é um criado desajeitado que parte a loiça ao fazer as limpezas"

Guerra Junqueiro

31/07/2022

Tê-los no sítio!

Os remetentes são republicanos – sequer indaguei se são, ou não, promotores daquele perigoso néscio endinheirado, Trump. Fossem democratas, ainda que capitaneados pela decrépita e tresloucada Nancy, e a veemência do meu aplauso seria a mesma.

    Na origem ― Naqueles meridianos, a América central e a do sul são demasiado ricas para serem os vizinhos a solver os problemas que, mais de setenta anos após a expulsão do último colono e consequente aquisição da maioridade, não erradicaram – tanto mais que são sequelas de um banditismo desbragado, de Estados e de administrações públicas capturadas por políticos de péssima índole, etc… O que vale para os meridianos ameríndios e araucanos, vale para os meridianos rifenhos e khoisan, que nos são confinantes – África é demasiado extensa e rica para que a exaurida Europa seja um albergue. Sugestão: aprendam a orientar-se com os gnus e, ao invés da transumância para norte, façam-na para sul.
Os imensos milhões de criaturas depauperadas, mas de boa índole ‒ para os brasileiros «do bem» ‒, que se organizem e com vigor semelhante ao que tiveram, décadas a fio, para levar em ombros Castros, Noriegas, Ortegas, Chavéz, Pérons e Evitas, Jangos, Dilmas e Lulas, …, façam ‘parágrafos’ a quantos os sugam à semelhança do que feito foi a Benito, Ceausesco e Elena Petrescu, …, se outra forma fôr impossível. Os africanos dizem que “quando as teias da aranha se juntam, podem amarrar um leão” e que “a união do rebanho obriga o leão a deitar-se com fome”. Aí está!
    No destino ― É um consolo implementar comissões de boas-vontades, preconizar o franqueamento de portões e apregoar humanismo, atirando-os ora para ‘campos’ ora para ‘compões habitacionais urbanos’ que, rápida e invariavelmente, se transformam em guetos onde prolifera a miséria humana e prevalecem os piores instintos. Assim não! Política de genuína inclusão não rima com formas sub-reptícias e cavilosas de exclusão.

Apesar das opções serem óbvias e a coerência não ser uma figura de retórica, é preciso tê-los no sítio.